Putin pede desculpas a presidente do Azerbaijão por ‘incidente trágico’ com avião
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, pediu desculpas por telefone, no sábado (28), ao seu homólogo do Azerbaijão pelo que chamou de “incidente trágico” no espaço aéreo de seu país envolvendo um avião de passageiros da companhia Azerbaijan Airlines. Segundo o líder russo, a aeronave caiu após defesas aéreas serem acionadas contra drones que foram lançados pela Ucrânia.
O avião fabricado pela empresa brasileira Embraer caiu na quarta-feira (25) perto da cidade de Aktau, no Cazaquistão, após desviar do sul da Rússia. Pelo menos 38 pessoas morreram, segundo as autoridades.
O Kremlin informou que a ligação ocorreu a pedido do presidente russo. “Vladimir Putin pediu desculpas pelo incidente trágico, mais uma vez expressou suas condolências profundas e sinceras às famílias das vítimas e desejou uma rápida recuperação aos feridos”, disse o governo em comunicado.
“Naquele momento, Grozni, Mozdok e Vladikavkaz estavam sendo atacadas por veículos aéreos não tripulados ucranianos, e os sistemas de defesa aérea russos repeliram esses ataques”, acrescentou a nota.
O presidente da Rússia não comentou, porém, as acusações de que o avião foi atingido por mísseis antiaéreos de seu país. Antes, quatro pessoas que acompanham as investigações conduzidas pelo Azerbaijão disseram à agência Reuters que as defesas aéreas russas abateram o avião por engano.
Putin ainda reafirmou a necessidade de uma investigação “objetiva e transparente” sobre o caso. “A comissão do governo cazaque encarregada de investigar todos os detalhes do incidente recorrerá a especialistas russos, azerbaijanos e brasileiros”, disse o líder russo. “Este trabalho, realizado no território do Cazaquistão, será objetivo e transparente.”
De acordo com o escritório presidencial do Azerbaijão, o líder do país, Ilham Aliyev, reiterou a Putin que o avião foi “submetido a interferências físicas e técnicas externas no espaço aéreo russo, resultando em uma perda total de controle e redirecionamento para a cidade cazaque de Aktau”. Essas informações já tinham sido divulgadas pela companhia Azerbaijan Airlines com base em investigações preliminares.
Aliyev ainda teria dito, segundo a nota, que as informações são amparadas por análise dos múltiplos buracos na fuselagem do avião, dos ferimentos sofridos pelos passageiros e tripulantes e de diversos testemunhos.
Imagens gravadas após a queda mostram furos na fuselagem compatíveis com o que acontece quando um míssil antiaéreo explode. O artefato não atinge o alvo, e sim detona a certa distância para produzir uma nuvem de estilhaços, maximizando os danos.
Os Estados Unidos também afirmam que há indícios que sugerem que o avião foi derrubado por sistemas de defesa aérea, de acordo com declaração do governo. John Kirby, porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, disse que as investigações sugerem envolvimento das forças russas.
O avião com 67 passageiros voava da capital do Azerbaijão, Baku, para Grozni, capital da república da Tchetchênia, na Rússia, antes de desviar pelo Mar Cáspio.
Anteriormente, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, havia se recusado a comentar as declarações da Casa Branca sobre o lançamento de mísseis do sistema antiaéreo russo.
A vice-presidente da Comissão Europeia, Kaja Kallas, reiterou no sábado (28) a necessidade de iniciar uma investigação internacional independente.
Kaja comparou o caso ao voo MH17, da Malaysian Airlines, que foi derrubado por um míssil lançado por rebeldes apoiados pela Rússia no leste da Ucrânia em 2014.