Rússia proíbe uso de celulares, tablets e barba a seus soldados

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Outdoor em São Petersburgo, na Rússia, exibe a foto de um soldado russo recrutado para a guerra na Ucrânia. 3 de janeiro de 2023. — Foto: AP - Dmitri Lovetsky

Por Anissa El Jabri, RFI

A nomeação de Valeri Guerassimov ao posto de comandante das tropas russas na Ucrânia coincidiu com a chegada de uma série de novas ordens aos soldados. As regras não foram nem um pouco bem recebidas: além do uso de celulares e tablets, os militares estão proibidos de usar seus carros particulares e devem obrigatoriamente se barbear.

Essa não é a primeira vez que os soldados russos são privados de tecnologia. A proibição ocorre depois do ataque ucraniano em Makiïvka, na região de Donetsk, que custou ao menos 89 mortos ao Exército da Rússia na madrugada do último 1° de janeiro.

Segundo o ministério da Defesa russo, não há dúvidas de que o comportamento dos soldados russos permitiu aos drones ucranianos localizarem suas posições. “Na noite do Ano-Novo, vários militares usaram seus celulares para telefonar para suas famílias”, reconheceu o general russo Sergueï Sevrioukov.

Se a proibição do uso de celulares e tablets ocupou os canais do Telegram Z, outra medida irritou os combatentes russos: a obrigação de se barbear. Até mesmo Denis Pushilin, dirigente pró-russo da região de Donetsk, ele próprio adepto ao uso barba, se indignou.

“É uma ideia absurda, não acrescenta nada de bom e nada mais traz em termos de disciplina militar”, afirmou em uma mensagem de vídeo.

“Entrei em contato com o escritório do nosso comandante e esclareci isso. Ninguém virá inspecionar as tropas com ideias tão brilhantes”, ironizou o dirigente.

No entanto, a comissão de Defesa da Duma confirmou que a ausência de barba é “uma exigência elementar da disciplina militar”.

“Mesmo nos combates mais intensos, não acredito que seja impossível ter quinze minutos livres para colocar sua aparência em ordem”, afirmou o general Viktor Sobolev, um dos membros do grupo.

Exigências arcaicas

O chefe do grupo Wagner, Evgueny Prigojine, não poupou críticas à decisão, dizendo que elas obedecem a “um arcaismo dos anos 1960”.

“No lugar de submeter todos a essas regras, princípios e caprichos ridículos, é preciso desenvolver a guerra moderna, aprender a matar o inimigo de forma eficaz e tomar territórios”, declarou.

Já o checheno Ramzan Kadyrov, fiel aliado do presidente russo, Vladimir Putin, também barbudo, ironizou a nova regra em seu canal no Telegram. “Claro, em cada trincheira há uma torneira com água quente, creme de barbear é entregue pela manhã e barbeadores são distribuídos com um mês de antecedência”, riu.

“Estou convencido de que isso é uma provocação descarada que vai prejudicar a motivação dos combatentes”, concluiu.

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