Sobrinha de ‘Tio Paulo’ foi agredida na cadeia, diz advogada
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Mulher leva morto em cadeira de rodas para sacar empréstimo de R$ 17 mil e pede a ele: 'Assina'
A advogada de Erika de Souza Vieira Nunes, a sobrinha de Paulo Roberto Braga, o Tio Paulo, de 68 anos — o idoso que foi levado morto para atendimento em um banco em Bangu na última terça —, afirmou que a mulher foi agredida dentro do Presídio de Benfica.
“Erika sofreu represálias dentro da prisão. Ela me relatou que assim que ela chegou a Benfica, jogaram água e comida nela”, declarou Ana Carla de Souza Corrêa. “Pedi o seguro [isolamento], e ela está resguardada, graças a Deus”, emendou a defensora.
A advogada esteve no velório e no enterro do corpo de Tio Paulo, em uma cerimônia simples no Cemitério de Campo Grande.
A família conseguiu o sepultamento gratuito, um benefício da Prefeitura do Rio para quem alega não ter condições de arcar com os custos.
![Enterro do corpo de Tio Paulo — Foto: Rafael Nascimento/g1](https://i0.wp.com/s2-g1.glbimg.com/GOvDha_hCE5WdByNQtT7lXGWMGE=/0x0:1600x1200/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/F/l/L2W4leSsS8ylISi2fweg/20paulo3.jpg?resize=628%2C471&ssl=1)
Ainda segundo Ana Carla, Erika teve “um surto de um efeito colateral” e só percebeu que o tio morreu quando o Samu chegou e atestou o óbito.
“Ela tem depressão, e acreditamos que isso aconteceu. Ela é sobrinha do Paulo, sempre conviveu com ele. Ela cuidava e ajudava no auxílio. Infelizmente, ele ficou debilitado com a última internação. Ela é cabeleireira e vivia dessa renda. Batemos na tecla de que ela precisa ser solta para cuidar da filha especial”, disse.
![Corpo de Tio Paulo é enterrado — Foto: Rafael Nascimento/g1](https://i0.wp.com/s2-g1.glbimg.com/lOH5woUSltjBJQUlO4MTEurG1xo=/0x0:1600x900/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/r/W/dB4M5BT1KjvtKwTxR5QA/20paulo4.jpg?resize=559%2C315&ssl=1)
Relembre o caso
Um vídeo feito por funcionários da agência do Itaú do Calçadão de Bangu mostra o momento em que a sobrinha de Paulo Roberto, Érika de Souza Vieira Nunes, tenta liberar um empréstimo de R$ 17 mil na frente do idoso morto.
Érika está presa por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver. A defesa dela alega que o idoso chegou vivo ao banco, mas a polícia afirma que ele já estava morto. Imagens de câmeras de segurança de um shopping perto do banco e da entrada da agência mostram o idoso aparentemente já desacordado.
![Paulo Roberto e Erika na UPA de Bangu — Foto: Reprodução/g1](https://i0.wp.com/s2-g1.glbimg.com/DW72ojZ1VnYtYepkOmR-xLrppX8=/0x0:1957x1196/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/Q/9/1LLSNrRFGxZMyfX0eOHQ/19erika-g1.jpg?resize=639%2C390&ssl=1)
Um motorista de aplicativo e um mototaxista dizem que o idoso estava vivo ao entrar no carro que os conduziu para o local.
O laudo do IML informou que o idoso morreu entre 11h30 e 14h30 e, por isso, não era possível precisar se foi antes ou depois de chegar ao guichê. A causa da morte foi por broncoaspiração de conteúdo estomacal e falência cardíaca.
O médico do Samu que atendeu seu Paulo no banco relatou que havia livores cadavéricos na parte de trás da cabeça do idoso, que geralmente aparecem duas horas após a morte.
De acordo com a Polícia Civil, a presença dos livores cadavéricos encontrados no corpo mostra que Paulo Roberto tinha mancha de sangue na nuca, indicando que o idoso não morreu sentado. Livores são acúmulos de sangue decorrentes da interrupção da circulação que, neste caso, acumularam na nuca. Isso indica que o idoso deve ter morrido deitado.
O caso segue sob apuração. A polícia investiga se Érika tentou empréstimo em outros três bancos diferentes.
Na quinta-feira (18), a advogada que representa Érika entrou com um pedido de habeas corpus, na 2ª Vara Criminal de Bangu, para que ela responda em liberdade durante as investigações.
O portal apurou que a defesa alega que Érika tem uma filha de 14 anos que depende de cuidados especiais. “A ora acusada é pessoa íntegra, idônea de bons antecedentes, não pretende se furtar à aplicação da lei penal, nem atrapalhar as investigações, já que possui residência fixa”, diz um trecho do documento.
Os advogados da mulher sustentam que “a prisão preventiva não é justa” porque Érika “sempre se pautou na honestidade e no trabalho”.
No pedido de habeas corpus, a defesa destacou ainda que “não existem mais fundamentos para a manutenção da prisão” da dona de casa, “uma vez que os indícios se baseiam apenas em um clamor público de que Érika havia levado um cadáver até o banco para tentar aplicar um golpe do empréstimo, o que não é verdade”.
O portal teve acesso a fotos em que Paulo Roberto aparece vivo internado com pneumonia na UPA de Bangu. Na última segunda-feira (15), ele recebeu alta da unidade.