Suspeito de matar idoso fazia tortura psicológica, diz filha da vítima

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Kênnia e Felipe Gabriel. Foto: Reprodução

Goiânia – A farmacêutica Kênnia Yanka Leão, de 26 anos, prestou depoimento à Polícia Civil na manhã desta segunda-feira (4/7), em Aparecida de Goiânia, na região metropolitana de Goiânia (GO). Ela contou aos investigadores sobre a vida de tortura psicológica e dependência emocional em relação ao ex-namorado, Felipe Gabriel Jardim Gonçalves, também de 26 anos.

O jovem é suspeito de ter matado a tiros, dentro de uma farmácia na capital goiana, no último dia 27/6, o pai da ex, o policial civil aposentado João Rosário Leão, de 62 anos.

Conforme o advogado de Kênnia, Emanuel Rodrigues, sua cliente teve a oportunidade de falar abertamente sobre como era o relacionamento do casal, Além da tortura psicológica e dependência emocional, ela relatou, à polícia, ameaças, agressões e rotina de humilhações sofridas por parte do ex-namorado.

Kênnia, conforme o advogado, também contou à polícia da compulsão sexual de Felipe, que também seria usada para pressioná-la constantemente.

À imprensa, Kênnia afirmou que não consegue viver o luto do pai, por ter que se defender das alegações da defesa de Felipe, que argumenta problemas psicológicos e um ataque de fúria, em razão de um relacionamento “desgastante”. “Estou tendo que me defender de uma coisa que não precisaria me defender. Não tenho que me explicar de uma coisa que a culpa é dele. É torturante”.

O depoimento é relativo a denúncia de ameaça de Felipe contra a ex-namorada, feita pelo pai dela. Conforme a polícia, foi essa denúncia que motivou o crime. A delegada responsável pela investigação é Cybelle Tristão.

Ameaças

Felipe é réu por ameaça e violência doméstica contra uma ex-namorada, antes mesmo do caso envolvendo a filha do policial civil aposentado baleado por ele. Segundo relato na Polícia Civil, o jovem já havia agredido a ex-companheira durante o relacionamento, mas a situação teria se intensificado em uma viagem do casal para o Rio de Janeiro, no réveillon de 2020.

De acordo com depoimento ao qual o portal teve acesso, Felipe tinha recorrentes crises de ciúmes, por causa de roupas, amigos e até de desconhecidos. Durante a viagem, o casal acabou terminando o relacionamento e o então VPT ameaçou a mulher por mensagens.

Ele disse que poderia “estourar” e falou para “ela ficar esperta na rua, porque se ela boiar, ele a pega”. Felipe ainda xingou a mulher de “vagabunda” e “desgraçada”. A audiência desse caso foi marcada para outubro de 2022.

Relações

Um vídeo de uma câmera de monitoramento mostra que Felipe atirou para cima em frente a casa do sogro em um condomínio de Goiânia. Isso foi na noite de sábado (25/6), às vésperas do homicídio.

O ex-sogro João do Rosário realizou um boletim de ocorrência por conta da ameaça, na segunda. Alguém vazou a informação do boletim para Felipe, que então foi até a farmácia e atirou friamente contra o policial civil aposentado. Os tiros acertaram o peito e a cabeça da vítima.

O crime ocorreu à luz do dia em 27/6 em uma avenida de grande circulação de um bairro nobre da capital goiana. Uma das filhas do idoso, irmã da ex de Felipe, estava ao lado, no balcão e presenciou toda a cena de violência.

Na manhã seguinte ao crime, o coronel aposentado Wellington Urzêda, pré-candidato a deputado estadual, foi até a delegacia negociar a apresentação espontânea do jovem. Ele disse em suas redes sociais que é amigo do pai do atirador, que também é PM, mas não realiza a defesa dele ou teve contato com ele.

O pai de Felipe, o tenente-coronel reformado Romeu José Gonçalves, também é ex-prefeito de Joviânia, interior de Goiás. O atual prefeito da cidade, o Renin (MDB), também é familiar de Felipe.

O jovem foi nomeado para o cargo comissionado de gerente de sinalização da Secretaria Municipal de Mobilidade de Goiânia na semana anterior à data do crime. Após o fato, a prefeitura da capital anunciou a sua imediata exoneração.

Defesa

Em sua defesa no processo em que é réu por ameaçar e agredir a ex-companheira, Felipe alega que na verdade ele é que era vítima de agressões. Além disso, ele explica que na época tinha 2 airsofts e uma arma de fogo verdadeira, que ainda não havia recebido, pois passava por registro para ficar legalizada.

À imprensa, a mãe de Felipe Gabriel, Lúcia Jardim, disse que ele sofre de transtorno de psicose desde os cinco anos de idade e que a ex o “induzia” a ter comportamentos violentos. “Eu não estou falando aqui que meu filho está certo em tirar uma vida, mas eu estou aqui para falar que ela [Kênnia Yanka] induziu ele aos nervos. Ela ficava ligando, perturbando o tempo todo”, disse ela à imprensa.

O suspeito foi preso no dia 29/6, na casa de familiares, em Goiânia.

 

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