Trump lança Truth Social, e app diz ter mais de 110 mil interessados em lista de espera

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O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - AFP/Arquivos

Por RAFAEL BALAGO

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O aplicativo Truth Social, rede social criada pelo ex-presidente Donald Trump, chegou na App Store dos EUA nesta segunda-feira (21). O uso da plataforma, no entanto, ainda é restrito.

Por enquanto, o programa abre a opção de fazer cadastro, com email e nome de usuário. Após confirmar a validade do endereço, porém, o interessado recebe um aviso de que terá de esperar. Ao fazer o registro, por exemplo, a reportagem foi informada de que estava na posição 18.792.

Horas depois, o número de interessados aguardando liberação havia disparado. “Sua conta foi criada com sucesso. Obrigado por entrar. Devido à demanda muito alta, nós te colocamos em uma lista de espera. Nós amamos você, e você não é só outro número para nós. Mas seu número de espera na lista está abaixo”, diz a mensagem no aplicativo, que exibia o número 110.134, na manhã desta segunda.

Por ora, o Truth Social tem apenas um aplicativo para iOS, que inclui iPhones. A versão para Android ainda não foi lançada, nem a versão web. O site da ferramenta tem apenas a opção de deixar nome e email para a lista de espera. O recurso, porém, parece indisponível e exibe uma mensagem de erro após o preenchimento do formulário.

Capturas de tela da nova rede social mostram um visual muito similar ao do Twitter. Donald Trump Jr., o filho do ex-presidente, divulgou uma imagem do que seria a primeira publicação de seu pai na nova rede. “Estejam prontos! Seu presidente favorito verá vocês em breve!

Devin Nunes, CEO da TMTG (Trump Media & Technology Group), empresa dona do Truth Social, disse à emissora Fox News que o aplicativo, apesar de ser lançado nesta segunda, deve entrar em operação plena só no fim de março.

Como candidato e presidente, Trump usava sua conta no Twitter de forma frequentemente acalorada. Ele chegou a ter 88,7 milhões de seguidores, mas teve sua conta banida em janeiro de 2021, por incitação à violência, após seus apoiadores invadirem o Capitólio. O presidente também foi suspenso do Facebook e do YouTube.

Em maio de 2020, o Twitter colocou alertas em postagens de Trump de que as mensagens do presidente poderiam ter informações falsas. Em seguida, o republicano assinou uma ordem executiva para modificar uma lei conhecida como Seção 230, que autoriza as empresas a moderar o conteúdo presente em suas plataformas. A mudança não teve medidas práticas implantadas e foi revogada pelo presidente Joe Biden, em 2021.

Conforme as grandes plataformas adotaram regras para conter discursos de ódio e mentiras e passaram a suspender perfis, muitos ativistas de direita passaram a migrar para redes sociais menores, ou a criar plataformas próprias, como Parler, Gettr e Rumble. Outra ferramenta utilizada como alternativa é o Telegram. O aplicativo permite criar listas de distribuição de mensagens para grupos enormes. Um canal, com o nome Donald J. Trump mas sem o selo de verificação, tem 1,022 milhão de seguidores. Já o canal de Donald Trump Jr., verificado pela plataforma, tem 851 mil participantes.

Em 2021, Trump e alguns sócios anunciaram a criação de uma rede social própria, como parte de uma nova empresa, a TMTG. Na época, eles disseram que a empreitada pretendia “criar uma rival ao consórcio da mídia liberal e combater as companhias do Vale do Silício ditas ‘big tech’”, em um comunicado.

A empresa dona do Truth Social foi criada por Trump em parceria com a DWAC (Digital World Acquisition Corp), fundada, por sua vez, em Miami no final de 2020. No ano passado, a DWAC tinha como diretor financeiro o deputado federal brasileiro Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP). De acordo com registros financeiros citados pelo New York Times, Bragança possuía participação ínfima na distribuição das ações —cerca de 0,11%, em outubro de 2021.

Em dezembro, houve uma fusão entre a DWAC e a TMTG. No mesmo mês, a empresa anunciou um acordo para receber mais US$ 1 bilhão em investimentos, que se juntariam aos cerca de US$ 300 milhões levantados pela Digital World ao longo de 2021 com a venda de ações.

A reportagem perguntou à assessoria de imprensa de Bragança qual é a atual relação dele com as empresas DWAC e TMTG, mas não havia recebido resposta até a última atualização desta reportagem, no começo da tarde de segunda.

A TMTG tem planos ambiciosos. Além do Truth Social, quer criar um serviço de streaming para concorrer com Netflix e Disney+, e um canal de notícias, de modo a competir com a CNN. No longo prazo, quer entrar também no mercado de servidores em nuvem, para disputar mercado com Amazon e Google.

Em uma apresentação para investidores, a empresa destaca que Donald Trump tinha 146 milhões de seguidores, somando seus perfis no Twitter, Facebook e Instagram, número próximo ao de assinantes da Netflix em 2021 (209 milhões). Assim, argumenta que há uma grande uma oportunidade de investimento ao criar canais de conteúdo para o público que seguia o ex-presidente.

Apesar de ter perdido a reeleição em 2020, Trump pode concorrer novamente à Presidência em 2024. Assim, criar canais para manter seus seguidores engajados é parte importante do projeto de uma nova candidatura. Ele também segue arrecadando doações em dinheiro e diz que os recursos serão usados para prevenir fraudes eleitorais e seguir seu trabalho político.

O republicano nunca admitiu a derrota nas urnas. Ele apontou fraudes que nunca foram provadas. Ao mesmo tempo, o ex-presidente é alvo de processos por irregularidades em seus negócios e também tem tentado impedir o acesso de investigadores a documentos que possam esclarecer seu envolvimento —ou falta de ação— na invasão ao Congresso.

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