Putin participava de uma roda de conversa com alguns vendedores do “Líderes da Rússia”, uma premiação que desde 2017 reconhece figuras que Moscou considera promissoras na nova geração.
A enfermeira Alexandra Rodionova estava entre os selecionados da terceira edição do concurso lançado em 2017 e participou do evento.
“Alguém te disse que você fica muito bem com o uniforme militar?”, perguntou o líder russo antes de responder a perguntas feitas pela profissional. Ao que ela respondeu, rindo: “Você não vai acreditar: todos. Por isso não tenho pressa em tirá-lo”.
Moscovita, ela contou durante a conversa com Putin que, assim que venceu o concurso, foi incorporada ao Ministério da Saúde russo, trabalhando especialmente com setores ligados à infância.
Mais recentemente, com o início da guerra —que, assim como a liderança russa, ela chama de uma “operação militar especial”—, somou-se ao campo de batalha por vontade própria.
Mais especificamente, Rodionova atua na cidade ucraniana de Lisichansk, localizada na região de Lugansk, no Donbass, anexada ilegalmente por Moscou durante o desenrolar da guerra.
Ela inclusive deu a entender que atuou junto a um tema delicado da guerra: as crianças do território ocupado.
O TPI, o Tribunal Penal Internacional com sede em Haia, já emitiu um mandado de prisão contra Putin, acusando-o de permitir a deportação ilegal das crianças ucranianas dessas regiões para a Rússia.
“Desde os primeiros dias do início da operação militar especial, eu supervisei uma série de tarefas e atribuições em novas regiões [em referência às áreas anexadas de forma ilegal], como a implementação da sua ordem sobre o exame aprofundado das crianças que vivem nessas áreas”, disse ela, de acordo com a transcrição de sua fala disponibilizada pelo Kremlin em seu site oficial.
Rodionova também relata que tem dois filhos, um em idade escolar e outro, de 20 anos, na faculdade. Os dois viviam com a avó materna, que recentemente teria morrido. Ela segue distante para poder atuar no serviço de saúde ligado à guerra.