Vizinha que salvou criança de queda do 3º andar relembra o caso: ‘Ato mais simbólico na minha vida foi ter feito isso por ela’
Por Gabriella Loiola
Uma das histórias marcantes de 2022 foi o caso de uma criança autista, de 9 anos, que caiu do terceiro andar de um prédio, em outubro , no Bairro dos Novais, em João Pessoa. A queda, de cerca de 8 metros, foii gravada pelas câmeras de segurança. A pequena Hellen foi salva por uma vizinha, que reduziu o impacto da queda. A bombeira civil Thallyta Kelciane relembra a história e diz que se aproximou da menina após o acidente.
Thallyta Kelciane, vizinha da criança, estava em um período pós-cirúrgico no dia do acidente e aquela foi a primeira vez em três semanas que ela saiu de casa. Thallyta caminhou até a frente do condomínio e ao voltar para dentro decidiu sentar, pois iria começar uma carreata política.
A vizinha relembra que o que chamou sua atenção foi o síndico passar correndo e ela ouviu algo como “segura”.
De acordo com Thallyta, na hora ela não assimilou nada e só depois pensou a respeito do ocorrido. “Quem fez tudo isso foi Deus, eu fui apenas usada por ele. Isso tudo é um milagre na vida de Hellen. Não tem explicação para o que eu vivi e vou carregar para o resto da minha vida. Acredito que o ato mais simbólico na minha vida foi ter feito isso por ela”, afirma.
Nas imagens captadas pelo circuito de segurança (veja vídeo clicando aqui), Hellen aparece com o corpo fora da janela e é possível ver quando o síndico sai do bloco na frente de onde a criança está e entra no prédio para subir até o apartamento. Neste momento, Thallyta se levanta e abre os braços embaixo de onde a menina está. No mesmo segundo, a criança despenca e é segurada por Thallyta, que logo em seguida levanta a menina.
Eu só senti o impacto em cima de mim. Eu não consegui segurá-la, mas consegui amortecer a queda. Depois que ela bateu em mim, ainda caiu ao solo, porém o impacto foi bem menor.
O corpo de bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionados e a criança foi encaminhada para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa. “Graças a Deus ela não teve nada, nenhuma fratura”, agradece Thallyta.
Apesar de ter feito uma cirurgia recente, Kelciane não sentiu nada e não quebrou nada. E hoje, conta que se recuperou bem da cirurgia.
Menina estava dormindo
Na época, a mãe da criança, Bárbara Santana, informou que achava que a filha estava dormindo na hora do acidente e que essa teria sido a primeira vez que Hellen teve uma crise após o diagnóstico de autismo.
“Estava tendo uma carreata ao lado do condomínio, com carro de som muito alto. Ela estava dormindo na cama, acordou meio desorientada indo pro banheiro, queria tomar banho. Terminei de dar banho nela, botei ela novamente na cama. Cobri ela com lençol, apaguei a luz, deixei ela lá deitada. Depois, eu só escuto alguém batendo na porta. Uma criança dizendo: tua filha caiu, quebrou o braço. Eu disse: ela está na cama. Fui ver, ela já estava lá embaixo”, disse a mãe.
A mãe de Hellen e o pai, Erasmo Henrique, falaram com Thallyta no mesmo dia para agradecerem. Após três dias no hospital, Thallyta teve o primeiro contato com Hellen ao ir visitá-la. E depois disso as duas se aproximaram ainda mais.
“Depois que ela voltou pra casa, sempre que dá eu vou lá ver ela. Fico lá um pouco e brinco com ela.” , afirma Thalyta, falando da ligação com a criança.