“Zelenski foi humilhado por Trump em cena grotesca e desrespeitosa”, diz Lula

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Donald Trump e Volodimir Zelenski

Os presidentes Zelenski e Trump discutem no Salão Oval - Brian Snyder/Reuters

O presidente Lula (PT) afirmou no sábado (1º) a jornalistas do Uruguai que o bate-boca na Casa Branca entre Donald Trump e Volodimir Zelenski foi uma cena grotesca e desrespeitosa e que o ucraniano foi humilhado pelo americano.

“Eu, sinceramente, não sou diplomata, mas acho que desde que o planeta Terra foi criado, desde que a diplomacia foi criada, não se via uma cena tão grotesca, tão desrespeitosa como aquela que aconteceu no Salão Oval da Casa Branca”, afirmou o brasileiro.

“Há uma parcela da sociedade que vive do desrespeito aos outros, e que não é possível falar de democracia se não há respeito ao outro ser humano. Acho que o Zelenski foi humilhado”, continuou.

Ainda segundo Lula, “a União Europeia foi prejudicada” com o discurso do presidente ucraniano. Lula afirmou que conversou também com o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, que “é bem possível que a Europa fique responsável pela reconstrução da Ucrânia” e pela manutenção da Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos EUA.

Em uma cena nunca vista em público no Salão Oval da Casa Branca, Trump e Zelenski bateram boca sobre os rumos da Guerra da Ucrânia, levando o visitante a deixar o encontro sem a prevista entrevista coletiva.

No encontro no Salão Oval, aberto à imprensa, Zelenski lembrou uma fala de Trump (“chega de guerra”) e disse que “é muito importante dizer essas palavras para Putin, porque ele é um assassino e um terrorista”.

“Eu sou a favor da Ucrânia e da Rússia”, afirmou Trump, que em seguida disse que Zelenski estava “jogando com a Terceira Guerra Mundial” ao buscar opor os EUA e o Ocidente à Rússia.

“O que você está dizendo é desrespeitoso com esse país”, afirmou. Em seguida, o vice de Trump, J. D. Vance, questionou ao ucraniano se ele “já disse obrigado”. “Eu acho desrespeitoso você vir aqui no Salão Oval e dizer essas coisas em frente à mídia americana”, afirmou. “O seu país está em apuros. Você não está ganhando”, disse.

“Nós demos US$ 350 bilhões a vocês, se vocês não tivessem nosso material militar, teriam perdido em duas semanas. Vocês têm de mostrar gratidão”, disse o presidente americano, cobrando um cessar-fogo e exagerando em três vezes o apoio dado pelos EUA a Kiev.

Trump disse que “eu empoderei você para ser um valentão, mas você não acha que pode ser um valentão sem os EUA”. “Seu povo é muito corajoso, mas você ou fará um acordo ou nós estamos fora. E se nós estivermos fora, você vai perder”, disse.

Depois do episódio, Zelenski disse à televisão americana que seu país não quer perder os Estados Unidos como parceiro. Em entrevista à emissora Fox News, simpática a Trump, Zelenski reforçou repetidas vezes que seu país precisa de garantias de segurança como parte de qualquer acordo de paz entre Ucrânia e Rússia, país que invadiu o vizinho em 2022. Quando questionado sobre um possível arrependimento da briga em público com Trump, disse que “às vezes é preciso discutir coisas fora da mídia”.

Zelenski já criticou Lula publicamente em mais de uma ocasião. Em janeiro, afirmou que o Brasil “perdeu o trem” para mediar acordos que acabem com a guerra de seu país contra a Rússia. Segundo ele, o presidente brasileiro não é mais um ator relevante nos esforços de negociação.

“Hoje eu acho que o trem do Brasil, para ser sincero, passou. Falei com Lula, nos encontramos e pedi que ele fosse um parceiro para acabar com a guerra, etc. Agora ele não é mais um player. Ele também não será um player para Trump”, disse o ucraniano no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

 

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