Zelensky desmente Lula sobre desencontro na cúpula do G7

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Volodymyr Zelensky. Foto: Reprodução

por Paulo Moura

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, negou as afirmações do governo brasileiro de que a reunião bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no G7 não teria ocorrido porque ele não apareceu na hora marcada. Zelensky declarou que não foi por causa da Ucrânia que o encontro não aconteceu e destacou que já se dispôs a encontrar o petista várias vezes; mas, que para isso, é preciso que haja vontade por parte do brasileiro.

– Não é a primeira vez que digo publicamente, e também já disse diretamente ao presidente, e reitero que quero me encontrar com ele. Já ofereci a realização de uma reunião em qualquer formato. Já convidei várias vezes o presidente Lula para vir à Ucrânia. Estivemos em contato com a equipe dele quando ele estava na Espanha e em Portugal, pensei naquele momento porque a distância era menor e talvez ele conseguisse encontrar um tempo. No G7, tive várias reuniões bilaterais. Disseram que a gente não havia tentado, nem se esforçado para encontrá-lo, isto não é verdade. Não é gente séria, substantiva, que está dizendo isso – disse Zelensky em entrevista à Folha de S.Paulo.

O presidente ucraniano afirmou ainda esperar que se crie uma nova oportunidade para dialogar com lideranças do Brasil.

– [Os brasileiros] podem ter seus próprios pontos de vista sobre qual deveria ser o caminho para a paz. Tudo bem, estamos dialogando, somos civilizados. Mas precisamos conversar. E, para haver uma conversa, é preciso que haja vontade. Já me dispus a encontrá-lo [Lula] muitas vezes. Acredito que se criará uma nova oportunidade. Alguma coisa não deu certo [para o encontro] no G7, não quero entrar em detalhes, mas definitivamente não foi por nossa causa que não deu certo – enfatizou.

Na sequência, Zelensky avaliou a posição do Brasil de não apoiar a criação de um tribunal especial internacional para julgar crimes de guerra contra a Ucrânia.

– O presidente Lula quer ser original. E devemos dar a ele essa oportunidade. Agora, é preciso responder a algumas perguntas muito simples. Primeiro: o presidente acha que assassinos devem ser condenados e presos? Creio que, se ele tiver a oportunidade, dirá que sim. Ele vai achar tempo para responder a essa pergunta? Ele não achou um tempo para se reunir comigo, mas, talvez, tenha tempo para responder a essa questão. E aí, responderá que assassinos devem ser presos – previu.

O líder ucraniano ainda alertou que a vitória de seu país é determinante para evitar uma Terceira Guerra Mundial.

– A Rússia não vai parar na Ucrânia, ela vai seguir tentando atacar outros países. Irá a outras nações, incluindo as da Otan. E então a Otan entrará em guerra para defender seus membros, e pode ser a Terceira Guerra Mundial. Uma guerra como a nossa, híbrida, com ataques cibernéticos, valas comuns, torturas, mas em vários países. De alguma forma, a Ucrânia é uma ação preventiva. Nossa capacidade de se recuperar, de vencer, é de certa maneira uma prevenção contra uma grande tragédia global – advertiu.

Em entrevista ao jornal O Globo, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro rebateu as falas de Zelensky, afirmando que foram oferecidos três horários diferentes para o encontro bilateral, mas que nenhum foi aceito pelos ucranianos.

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