Sem consenso na Celac, Brasil e parte dos países da cúpula deploram mortes de civis israelenses e palestinos
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O presidente Lula durante discurso na 8ª cúpula da Celac — Foto: Reprodução/Canal Gov
Por Ricardo Abreu
Os países que participaram da cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) nesta semana não chegaram a um consenso para uma declaração conjunta sobre a guerra na Faixa de Gaza. Com isso, parte dos países da cúpula, incluindo o Brasil, assinou uma declaração à parte, na qual deploram as mortes de civis israelenses e palestinos.
“Deploramos o assassinato de civis israelenses e palestinos, incluindo os cerca de 30.000 palestinos mortos desde o início da incursão de Israel em Gaza, e manifestamos profunda preocupação com a situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza e com o sofrimento da população civil palestina”, afirma o documento.
A declaração sobre Gaza é assinada por 24, dos 33 países que compõem a Celac (veja mais abaixo quais foram). A cúpula ocorreu em São Vicente e Granadinas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva representou o Brasil.
O conflito de Israel contra o grupo terrorista Hamas, que tem bases na Faixa de Gaza, foi um dos principais temas da cúpula. O debate ganhou intensidade após terem rodado o mundo imagens de civis palestinos sendo mortos enquanto se aglomeravam para pegar itens de ajuda humanitária distribuídos em Gaza. O Hamas diz que eles foram alvejados por soldados israelenses. O governo de Israel alega que tumulto e pisoteamento causaram as mortes.
“Tomamos nota dos casos em curso perante a Corte Internacional de Justiça para determinar se a ocupação continuada do Estado da Palestina pelo Estado de Israel constitui uma violação do direito internacional e se o ataque de Israel a Gaza constituiria genocídio”, continua a declaração conjunta.
Os 24 países também fizeram um apelo pela “libertação imediata e incondicional de todos os reféns”.
Cessar-fogo
Na nota, os países dizem endossar “fortemente” a exigência da Assembleia Geral das Nações Unidas de um cessar-fogo humanitário “imediato” em Gaza.
A resolução foi aprovada em dezembro do ano passado e contou com apoio de mais de 150 países entre os 193 que integram a ONU. Esse tipo de resolução, porém, não tem caráter vinculativo, mas têm peso político, expressando o entendimento da comunidade internacional sobre determinado tema.
Sob a presidência do Japão, o conselho de segurança da ONU convocou para esta segunda-feira (4/3) uma reunião para discutir a situação no Oriente Médio.
O Brasil não integra mais o grupo, mas o presidente Lula tem defendido que a ONU adote alguma medida que garanta de forma definitiva o cessar-fogo e a segurança de corredor humanitário na região lá
Os 24 países que assinaram a declaração foram:
- Antígua e Barbuda
- Bahamas
- Barbados
- Belize
- Bolívia
- Brasil
- Colômbia
- Cuba
- Chile
- Dominica
- República Dominicana
- Granada
- Guiana
- Haiti
- Honduras
- Jamaica
- México
- Nicarágua
- São Cristóvão e Nevis
- Santa Lúcia
- São Vicente e Granadinas
- Suriname
- Trinidad e Tobago
- Venezuela
Posição do Brasil
Na sexta-feira (1/3), o governo brasileiro divulgou nota na qual disse, por exemplo, que a situação em Gaza é “desesperadora” e “intolerável” , acrescentando que a ação militar israelense na região, comandada pelo governo de Benjamin Netanyahu, não tem “qualquer limite ético ou legal”.
Na mesma linha, a nota deste sábado faz crítica direta ao governo Netanyahu, afirmando que há “intransigência” nas declarações do governo de Israel, o que tem causado “agravamento” da situação.