A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) José Dias Toffoli para que o então ex-presidente Lula não fosse ao enterro de seu irmão Vavá, em janeiro de 2019, quando o petista estava preso, foi tratada antes pelo ministro com o advogado de Lula, Eugênio Aragão. Na ocasião, segundo relatos de pessoas próximas a Toffoli, o advogado teria garantido ao ministro que Lula estava de acordo com o desenho proposto. Aragão confirma ter falado com Toffoli, mas nega que tenha concordado com a decisão. “Não cabia a mim concordar com nada”.
A autorização de Toffoli para que Lula se reunisse com a família, mas, com a negativa de ir ao sepultamento, é apontada pelo próprio presidente em conversas privadas como a razão para o petista não querer mais uma relação próxima com Toffoli, que foi seu ministro, na Advocacia-Geral da União, e indicado por ele ao STF.
Na ocasião, Toffoli decidiu, em um plantão judicial, que Lula poderia deixar a prisão para se encontrar com os familiares em uma unidade militar, com a possibilidade de que o corpo de Vavá fosse levado até lá, mas não participar do sepultamento no Cemitério Paulicéia, em São Bernardo do Campo.
Lula acabou desistindo de ir ao enterro, e seus aliados reclamaram de que a decisão teria sido dada muito tarde para viabilizar a viagem do ex-presidente. A Polícia Federal havia sido contra a viagem, devido à suposta falta de tempo de organizar a logística.
![Eugênio Aragão](https://i0.wp.com/uploads.metropoles.com/wp-content/uploads/2022/03/28215515/MC_Ministro-Eugenio-Aragao-em-workshop-sobre-seguranca-revezamento-tocha-olimpica_00105042016-1-1-1-1-1-1-1024x682.jpg?resize=640%2C426&ssl=1)
Até hoje, Lula guarda mágoa de Toffoli em relação ao episódio. Interlocutores de ambos analisam que o presidente até poderá, racionalmente, manter um canal de diálogo com Lula, mas sem proximidade. “O coração nunca vai perdoar”, disse um ministro sobre a relação.