Com paradeiro desconhecido, dono da Braiscompany divulga nota: ‘totalmente reféns dessa situação’

Antonio Neto Ais, CEO da Braiscompany — Foto: Camila Ferreira/Arquivo Braiscompany
O dono da empresa Braiscompany, Antônio Neto Ais, que é considerado foragido, emitiu uma nota ao público, por meio das redes sociais, na quinta-feira (16/3). No texto, ele lamenta a situação da empresa e fala sobre bens que foram bloqueados pela Justiça. Não há informações sobre a localização dele e de Fabrícia Ais, sócios da Braiscompany, desde o dia 16 de fevereiro, há um mês.
“Hoje nos encontramos sem recursos, sem carro, sem casa, sem liberdade! Totalmente reféns dessa situação”.
No dia 23 de fevereiro, aproximadamente R$ 15,3 milhões foram bloqueados de contas de pessoas vinculadas à Braiscompany, empresa paraibana investigada por crimes contra o sistema financeiro e o mercado de capitais.
Em nota, Antonio Ais diz que o crescimento e sustentabilidade da empresa foram interrompidos por causa da queda do bitcoin e do mercado cripto. Leia a nota na íntegra.
“Todavia, vários fatores começaram a prejudicar nosso crescimento e sustentabilidade: a queda do bitcoin e do mercado cripto como um todo; fatores como a quebra da FTX; sem falar na pressão de autoridades e entidades, nas quais a verdade sobre este assunto chegará o tempo, e tudo virá à tona”.
Apesar disso, na nota, Antonio Ais reitera a sua responsabilidade no caso e afirma ter tomado decisões erradas, apesar de não detalhar quais foram. Ele também comenta que foi “otimista em relação ao Brasil” e cita a realidade do país como fator determinante na situação da empresa.
“Errei em algumas decisões, talvez tenha sido muito otimista em relação ao Brasil (…). Empreender no Brasil é um desafio. Empreender inovando, o desafio é ainda maior”.
Por fim, Antonio Neto Ais pede perdão aos clientes lesados e diz que deseja “dias melhores a todos” e “que a verdade prevaleça”.
As localizações dele e de Fabrícia Ais seguem desconhecidas.
Entenda o caso
A Braiscompany foi alvo de uma operação da Polícia Federal, que teve como objetivo combater crimes contra o sistema financeiro e o mercado de capitais.
A empresa captava investidores sob a promessa de investimentos em criptomoedas com retorno de 8% ao mês, e, após atrasos, passou a ser suspeita de golpe de milhões com criptomoedas. As ações da PF aconteceram na sede da empresa e em um condomínio fechado, em Campina Grande, e em em João Pessoa e em São Paulo.
No dia 24 de fevereiro, os sócios da empresa Braiscompany, Antônio Neto Ais e Fabrícia Ais, tiveram os seus pedidos de prisões temporárias convertidas em preventivas para que assim os seus nomes possam ser incluídos na lista de procurados da Interpol, a polícia criminal internacional que age em todo mundo. A informação foi confirmada pela Polícia Federal na Paraíba.
De acordo com a PF, o pedido foi feito para a Justiça Federal, que deferiu o pedido. As prisões temporárias não são passíveis de inclusão em difusão internacional e por isso a necessidade da conversão.
Ambos os sócios são considerados foragidos e existe a suspeita de que eles tenham fugido do Brasil. A inclusão dos nomes deles na lista de procurados da Interpol, assim, aumentaria as chances deles serem presos, mesmo estando no exterior.