Consumo exagerado de álcool sai mais barato que alimentação básica na PB, diz estudo

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Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) divulgaram um estudo revelando que o consumo exagerado de álcool representa apenas 7% do rendimento doméstico per capita do brasileiro, enquanto uma alimentação básica consome 32% do mesmo rendimento.

A pesquisa, publicada no periódico internacional Nutrients, foi coordenada pelo professor Ian Nóbrega, do Departamento de Engenharia de Alimentos (DEA), vinculado ao Centro de Tecnologia (CT) da UFPB, com a contribuição dos estudantes Matheus Ferreira e Rhennan Marques, e do toxicologista Dirk Lachenmeier, da Agência Alemã de Investigações Químicas e Veterinárias (CVUA) e membro do grupo de trabalho da OMS.

Metodologia da Pesquisa

A coleta de preços foi realizada em cerca de 30 supermercados da grande João Pessoa, nos anos de 2020 e 2021, abrangendo bebidas alcoólicas e 24 alimentos básicos. A pesquisa identificou que a cerveja e a cachaça são as principais fontes de consumo de álcool no Brasil. Os cenários de consumo avaliados foram:

  • Consumo moderado: 16,8 g de álcool/dia (450 mL de cerveja/dia ou uma dose padrão de cachaça/dia).
  • Consumo arriscado: 41,7 g de álcool/dia (1,1L de cerveja/dia ou 3 doses de cachaça/dia).
  • Consumo pesado: 83,4 g de álcool/dia (2,2 L de cerveja/dia ou 6 doses de cachaça/dia).

Para comparar com os valores gastos em alimentos, os pesquisadores propuseram uma dieta básica de 2.000 kcal/dia, incluindo itens como mamão, café, ovo frito, cuscuz, feijão carioca, arroz, carne (acém), tomate e alface, além dos custos com gás de cozinha e ingredientes necessários às preparações, como óleo de soja e sal.

Resultados

Os resultados mostraram que a dieta básica custou em média R$ 15,00 por dia, o que corresponde a 32% do rendimento per capita médio diário, apurado em R$ 46,00 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no período de 2020 a 2021. Em contraste, todos os cenários de consumo de álcool ficaram abaixo desse valor, destacando a acessibilidade financeira ao álcool.

Impacto Social

O professor Ian Nóbrega destaca o impacto social negativo do consumo nocivo de álcool, que é 30% acima da média mundial no Brasil. Dados da OMS mostram que anualmente morrem 44 mil pessoas por cirrose hepática, acidentes de trânsito e tipos de câncer diretamente relacionados ao consumo de álcool no país. Além disso, há uma pressão financeira significativa sobre a saúde pública para tratar condições associadas ao consumo nocivo de álcool, como transtornos mentais e violência doméstica.

Propostas de Intervenção

Os pesquisadores sugerem estudar a viabilidade de implementar o Minimum Unit Pricing (MUP), ou Preço Mínimo por Unidade de Álcool, como foi feito na Escócia. Essa medida poderia aumentar o preço das bebidas alcoólicas muito baratas e com maior teor de álcool, ajudando a restringir o consumo prejudicial e alinhando o Brasil com as recomendações da OMS para a redução do consumo nocivo de álcool.

por t5

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