Ditadura recebeu pedido de censura por paródia da rainha Elizabeth

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Rainha Elizabeth II. Foto: Lisa Sheridan/Studio Lisa/Hulton Archive/Getty Images

Por Guilherme Amado

Uma paródia da rainha Elizabeth II em um comercial de macarrão na TV em 1978 levou a ditadura militar brasileira a receber um pedido de censura. O pedido foi enviado naquele ano por uma entidade conservadora à Polícia Federal (PF). A rainha Elizabeth II morreu na quinta-feira (8/9), aos 96 anos.

Registros do Arquivo Nacional mostraram que Rogério Nunes, diretor da Divisão de Censura de Diversões Públicas, recebeu em outubro de 1978 um pedido de censura para comerciais na televisão. A reclamação veio da União Cívica Feminina em Santos (SP), uma entidade conservadora que havia apoiado o golpe de 1964.

O celeuma foi criado em torno de uma propaganda da Petybon, fabricante de massas. “Esse comercial apresentando uma paródia de S.M. a Rainha Elizabeth II da Grã Bretanha ou outro qualquer comercial representando chefes de Estado, mormente de países amigos, são perigosos e poderão acarretar protestos oficiais das respectivas embaixadas”, escreveu Magdalena da Cunha Coelho, presidente da associação, à PF.

Ditadura recebeu pedido de censura por paródia da rainha Elizabeth

A coluna não localizou documentos que mostram que medidas o censor adotou após o pedido de censura. Na mesma solicitação, a União Cívica Feminina havia cobrado uma resposta de Nunes sobre pedidos de censuras a novelas e também chiado por um comercial do absorvente Sempre Livre, da Johnson & Johnson.

O motivo: “Há necessidade de se tornar tão públicas certas precauções da higiene feminina? Anúncios dessa espécie só tendem a ridicularizar a mulher e torná-la alvo de comentários pouco condizentes com sua posição de esposa e mãe”.

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