Governo Lula pede ao MP que investigue se polícia fez operação ilegal contra exploração sexual infantil com Arthur do Val na Ilha do Marajó

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O deputado Arthur do Val, na Assembleia Legislativa de SP - Eduardo Knapp-15.dez.19/Folhapress

O ministério dos Direitos Humanos oficiou na segunda-feira (11) o procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Pará para que investigue se a Polícia Civil fez uma operação ilegal na ilha do Marajó em conjunto com um civil, o ex-deputado estadual de SP e youtuber Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei.

Em um vídeo divulgado pelo próprio Do Val em 8 de março, o youtuber viajou para Marajó sob pretexto de investigar denúncias de exploração sexual infantil. A data da viagem não foi revelada.

O vídeo mostra o youtuber marcando um encontro com duas adolescentes em um hotel com objetivo de criar um flagrante para a polícia.

“Quando estava conversando com os policiais, eu expus uma ideia de fazer uma espécie de resgate para filmar exatamente o que está acontecendo, em vista de que eu fui informado, anteriormente, de que havia a possibilidade de se encontrar menores de idade para exploração sexual [em Marajó]. A polícia de lá, principalmente a Polícia Civil, se mostrou muito proativa e falou ‘vamos fazer’”, afirma o youtuber.

O vídeo mostra o momento em que agentes da Polícia Civil chegam ao hotel e encontram as adolescentes. O ofício do Ministério dos Direitos Humanos ressalta que, além de elas terem sido filmadas, foram conduzidas à delegacia.

Procurada, a Polícia Civil nega que tenha havido uma ação conjunta com o ex-deputado e que apenas respondeu a uma denúncia, mas que não constatou crime de exploração sexual. (leia a íntegra da nota abaixo).

O ofício do Ministério dos Direitos Humanos enviado ao Ministério Público do Pará relata a situação, cita o vídeo e indica que há pontos não esclarecidos sobre o caso.

“Solicito respeitosamente a adoção de medidas por parte desta Procuradoria-Geral para investigar as circunstâncias em que a operação foi realizada, inclusive quanto à sua legalidade, visto que, s.m.j, aparenta ter sido planejada e conduzida por cidadão comum, com o apoio de autoridades locais, resultando apenas na exposição e condução das adolescentes à autoridade policial”, diz o ofício enviado pelo Ministério dos Direitos Humanos ao Ministério Público do Pará.

Ao blog, Arthur do Val disse que o pedido do Ministério dos Direitos Humanos ao Ministério Público para apuração da ação é um ataque político a ele.

O ex-deputado e youtuber afirma que faz trabalho jornalístico e que é detetive particular. Arthur do Val também diz que filmou conversas com as autoridades e que tudo foi feito “do jeito que a lei manda” (Leia a íntegra da resposta abaixo).

O Ministério Público do Pará e a Secretaria de Segurança Pública do Pará não responderam às perguntas enviadas por esta reportagem até a última atualização desta matéria.

Nota da Polícia Civil

“A Polícia Civil do Pará informa que não realizou ação junto ao ex-deputado Arthur do Val. Após receber uma denúncia, uma equipe da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Breves apurou um suposto crime de exploração sexual, que não foi constatado. A Polícia Civil apura as denúncias realizadas por qualquer cidadão e ressalta ainda que avalia a publicação feita pelo ex-deputado por meio do jurídico da PCPA.”

Posicionamento de Arthur do Val

“Em primeiro lugar, todo mundo sabe que o que está acontecendo agora é um ataque político a minha pessoa, né? Não tem nada a ver com o fato em si, infelizmente, tem a ver com ataques políticos a quem eu sou e ao que eu represento.

É um absurdo que em vista do que tem acontecido lá, o holofote seja jogado em mim e não no fato em si, não no que está acontecendo ali. Esse é o primeiro ponto.

Agora vamos para a parte prática. Todo mundo sabe que eu me lanço publicamente assim. Eu faço essas reportagens, eu faço esse trabalho jornalístico. Inclusive, eu tenho carteirinha de jornalista. Eu faço essas investigações. Eu tenho carteirinha de detetive particular, estudei para isso e fui lá justamente fazer uma investigação.

Filmei tudo, essa é a parte, talvez a mais importante: eu filmei tudo e tenho tudo registrado, tanto as imagens que filmei quanto as conversas com autoridades, mais de uma.

Inclusive, uma das autoridades com quem entrei em contato foi sob orientação de um próprio colega dessa pessoa.

Então, a gente acionou a polícia, as autoridades, do jeito que a lei manda. Está tudo certinho e eu me coloco à disposição para a gente ver todas essas imagens, me entrevistar e falar sobre isso, e inclusive fazer uma acareação com o senhor Ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.

Vamos falar sobre o caso, eu acho importantíssimo dar luz a isso. Estou me colocando à disposição para esclarecer tudo o que qualquer órgão queira saber sobre qualquer aspecto do que aconteceu ali.”

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