Guerra Israel-Hamas atrasa desenvolvimento de Gaza em cerca de 60 anos

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Equipes de resgate palestinas trabalham no local dos ataques israelenses, no campo de refugiados de Jabalia, norte da Faixa de Gaza, em 9 de outubro de 2023 — Foto: Mahmoud Issa/Reuters

A guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas atrasou o desenvolvimento da Faixa de Gaza em 60 anos e será difícil encontrar as dezenas de bilhões de dólares necessárias para a reconstrução, disse no sábado (25) o diretor do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), Achim Steiner.

Em entrevista à agência de notícias AFP, Steiner disse que dois terços de todas as construções em Gaza foram destruídos ou danificados em bombardeios israelenses contra o território. Somente a remoção de cerca de 42 milhões de toneladas de escombros será “um trabalho perigoso e complexo”, disse o diretor, entrevistado às margens do Fórum Econômico de Davos, realizado na Suíça.

“Provavelmente entre 65% e 70% dos edifícios em Gaza foram completamente destruídos ou danificados”, afirmou, “mas também estamos falando de uma economia destruída, na qual estimamos que cerca de 60 anos de desenvolvimento foram perdidos neste conflito em 15 meses. Toda a infraestrutura e os serviços básicos simplesmente não existem”.

Para ele, entretanto, nenhum destes números inclui a dimensão do custo humano deste conflito. “O desespero não é algo que possa ser capturado nas estatísticas”.

De acordo com Steiner, as incertezas a respeito da duração do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas dificultam fazer uma previsão sobre quanto tempo deve levar para reconstruir Gaza. “No momento, a prioridade da ONU é a ajuda emergencial aos palestinos”, afirmou.

O diretor disse, contudo, que o processo deve ser longo. “Não estamos falando de um ou dois anos. Falamos de anos e anos para conseguir até mesmo o início da reconstrução, não apenas da infraestrutura física, mas de toda uma economia.”

Ele ressalta que “as pessoas tinham dinheiro guardado. Tinham empréstimos. Investiram em negócios. E tudo isso foi perdido. Portanto, estamos falando da fase física e econômica, e até mesmo, de certa forma, da fase psicossocial da reconstrução”.

Somente a fase de reestruturação física custaria “dezenas de bilhões de dólares”, estima ele, ressaltando a “enorme dificuldade para mobilizar fundos nesta escala”.

O grande volume de escombros a serem removidos e reciclados também representa enormes desafios. “Não se trata apenas de carregá-los e transportá-los para algum lugar. Estes escombros são perigosos. Muitas vezes ainda há corpos que podem não ter sido recuperados. Há munições não detonadas, minas”, explica.

Segundo o chefe do PNUD, é possível reciclar estes materiais e usá-los no processo de reconstrução, e uma solução provisória pode ser a transferência dos escombros para aterros e lixões temporários, onde poderão ser transportados para tratamento e descarte permanente.

Enquanto isso, se a trégua se mantiver e se consolidar, serão necessárias enormes quantidades de infraestrutura temporária. “Praticamente todas as escolas e hospitais foram gravemente danificados ou destruídos”, disse, citando uma “destruição física extraordinária” em Gaza.

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