“Indicação de Zanin para STF é flagrante conflito de interesses”, critica jornalista francês

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Cristiano Zanin e Lula. Foto: Ricardo Stuckert/PT

Por RFI

O jornal liberal online Contrapontos (Contrepoints, em francês) publica um artigo na segunda-feira (12) do jornalista e escritor francês Michel Faure, especialista na América Latina. No texto, o autor considera a indicação do advogado Cristiano Zanin para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) como “um flagrante conflito de interesses” por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para Faure, essa escolha “afeta a independência da Justiça e a integridade do sistema judiciário”.

Michel Faure, de 72 anos, tem uma longa carreira na imprensa. Ele já trabalhou para as agências AFP e Reuters, bem como para os jornais Libération e a revista semanal L’Express. Ele se autopoclama da corrente liberal e colabora regularmente para outros veículos; também é membro honorário da Associação da Imprensa Diplomática Francesa (APDF).

Em seu artigo para a Contrapontos, Faure afirma que “Lula demonstra claramente seu desejo de tornar o Judiciário uma instituição sob seu controle, ao nomear seu próprio advogado, Cristiano Zanin, como juiz da mais alta corte do país, o Supremo Tribunal Federal, em 1º de junho”. O jornalista destaca os poderes “numerosos e decisivos” do STF, que atua, segundo ele, como ” Tribunal Constitucional, Tribunal Eleitoral e um controlador de investigações judiciais”.

Na opinião de Faure, apesar de Zanin ter defendido que as condenações de Lula na Lava Jato fizeram parte de uma estratégia de lawfare, ou seja, de uso do sistema jurídico como arma política para derrotar um adversário, “existiu corrupção durante o governo Lula”. Ele cita os escândalos do Mensalão e da Petrobras, já no governo Dilma, que independentemente do envolvimento direto de Lula, revelaram “atos de corrupção e prevaricação”.

“Essas tristes verdades estão sendo destruídas”, insiste o francês. Zanin ficará “submisso ao mestre”, no caso Lula, “uma posição nada gloriosa”. A Justiça e sua independência saem derrotadas dessa “guerra jurídica”, que está “minando os alicerces da frágil democracia brasileira”, conclui.

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