Irã contraria Trump e diz que negociação nuclear com os EUA continuará indireta

Os chanceleres Araqchi (esq.) e Al-Busaidi conversam antes do início das negociações com os EUA - Ministério das Relações Exteriores do Irã/Reuters
O Irã disse ontem (13/4) que continuará negociando com os Estados Unidos sobre o programa nuclear de Teerã de forma indireta, por meio do sultanato de Omã. A declaração ocorreu após a primeira reunião de alto nível entre os países sobre o tema em anos, ocorrida na véspera.
O regime iraniano também afirmou que o único tema a ser discutido será o nuclear. Os dois países não têm relações diplomáticas desde 1980.
A pedido do Irã, seu chefe da diplomacia, Abás Araqchi, não se reuniu diretamente com o enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, no dia 12 de abril. No entanto, segundo Teerã, ambos os representantes conversaram brevemente.
A Casa Branca descreveu as conversas como “muito positivas e construtivas” e disse que, em sua visão, elas representaram um avanço. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, havia proposto negociações diretas.
“As negociações continuarão sendo indiretas e Omã continuará sendo o mediador”, disse neste domingo, na televisão estatal, o porta-voz da diplomacia iraniana, Esmail Baqai. “O único tema das conversas será o nuclear e o levantamento das sanções.”
Teerã e Washington concordaram em dar continuidade às negociações no próximo sábado (19/4).
As conversas obedecem a um ritual pitoresco: o time americano fica numa sala e o iraniano, em outra. O chanceler local, Badr al-Busaidi, serve de mensageiro de lado a lado, buscando aparar arestas no caminho.
O objetivo americano é o de evitar que os aiatolás desenvolvam a bomba atômica, objetivo do qual estão próximos. Já Teerã quer o fim das sanções econômicas que a estrangulam.
Esses são os primeiros contatos desse tipo entre os dois países desde 2018, quando o primeiro governo de Trump retirou os Estados Unidos do acordo de 2015 entre o Irã e as grandes potências, que limitava seu programa nuclear em troca do alívio de sanções econômicas.
O objetivo das reuniões é que Washington e o Irã concluam um novo pacto, após Teerã ter deixado de cumprir seus compromissos e se aproximado dos níveis de enriquecimento de urânio necessários para fabricar uma bomba atômica.
Para os Estados Unidos e outros países ocidentais, o objetivo final do Irã é obter uma arma nuclear, embora o país negue isso e afirme que seu programa tem fins civis.