Lira e Ramos trocam farpas em sessão da Câmara: “Lacração palanqueira”

0

Marcelo Ramos. Foto: Reprodução

De saída da Vice-Presidência da Câmara, o deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM) discursou nesta terça-feira (24/5), frente a frente com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que presidia a sessão. Ramos disse que a decisão de destituí-lo da Mesa Diretora da Casa não seguiu critérios técnicos e, sim, políticos, e aproveitou para fazer vários alertas ao atual presidente da Casa.

“Toda glória é efêmera e, na vida pública, o essencial não são as pompas, mas o que deixamos como legado”, disse Ramos. “A cadeira de vice-presidente da Câmara é giratória, assim como todas as outras da mesa. Mas tudo tem um ponto de referência. Uma escolha, uma decisão sobre o certo e o errado”, disse o deputado.

“Este país não foi feito por quem tomou atalhos. Ulysses Guimarães não tomou atalhos, preferiu encarar o duro percurso, o tortuoso percurso da democracia. É a esse tipo de brasileiro que eu me junto”, destacou.

Ramos é um opositor do governo de Jair Bolsonaro (PL) e tentará a reeleição como deputado federal com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O deputado amazonense chegou a trocar de partido quando Bolsonaro se filiou ao PL com seu projeto de se candidatar à reeleição ao Planalto.

Lira, por sua vez, é aliado de Bolsonaro e conduz o PP, junto com o minitro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PI), para uma coligação em torno da candidatura de Bolsonaro. Segundo Ramos, Lira o destituiu do cargo “a mando de Bolsonaro”, cumprindo uma ordem dada durante uma das lives semanais realizadas por Bolsonaro.

Ao confrontar Lira da tribuna da Câmara, Ramos disse que “os ideais e a honra de um homem não cabem em cargos”. “Aprendi a não me deixar mover por vaidade. Aprendi a me mover pelo que acredito, pela luta por justiça e por democracia.”

“Essa não é uma decisão regimental ou jurídica, é uma decisão política. E uma decisão política perigosa, porque atenta contra a liberdade e autonomia deste Poder. Quando o Executivo ataca a democracia, é perigoso. Quando o Legislativo se consorcia com o Executivo para atacá-la, é mortal”, disse Ramos.

Ramos ainda apontou que houve pedidos por parte de bolsonaristas para que ele não criticasse o presidente da República, caso fosse sua intenção continuar no cargo. No entanto, sua opção foi de não aceitar ser silenciado.

“Lacrações palanqueiras”

Logo após o discurso, Lira disse que não reagiria às falas do parlamentar, mas classificou o discurso de Ramos como “lacrações palanqueiras”. Lira anunciou a nova eleição para os cargos que deve ocorrer nesta quarta-feira (25/5).

“A presidência da Casa saúda de maneira democrática que nosso compromisso foi ouvir a todos os deputados e deputadas, embora a decisão nem sempre saia do agrado do destino da subjetividade das posições, mas a presidência exige de mim que respeite a função. Nunca representei a mim mesmo nesta Casa, mas os 513 deputados e deputadas”, disse Lira.

“Em respeito a todos os senhores e senhoras, não reagirei a nenhum tipo de qualquer lacrações palanqueiras e de celeumas de redes sociais. Seguirei em frente, sempre trabalhando pelo bem do nosso regimento”, disse o presidente da Câmara.

Lira afirmou ainda que segurou a decisão monocrática do ministro Alexandre de Moraes, que não acatou o recurso apresentado por Ramos para continuar no cargo apesar da troca de partido. “Por consideração ao meu vice, fui negligente. Desde fevereiro, tentei todas as composições para que não houvesse a reclamação do Partido Liberal”, disse Lira.

 

About Author

Deixe um comentário...