“Potencialmente, são de duas a quatro semanas extras por ano em que eles podem estar acima do solo, procurando comida, adquirindo os recursos de que precisam para realmente se reproduzir”, disse Jonathan Richardson, professor assistente de biologia na Universidade de Richmond (EUA) e autor principal do estudo.
Uma população de roedores em expansão tem o potencial de criar dores de cabeça adicionais para autoridades públicas que já estão lutando contra infestações. Os ratos podem danificar a infraestrutura urbana e atuar como vetor de doenças.
Eles também têm um “impacto mensurável” na saúde mental das pessoas que coexistem com eles, de acordo com o estudo.
E há um custo econômico —cidades em todo o mundo já estão gastando US$ 500 milhões por ano para tentar afastar os ratos. Em Nova York, por exemplo, o prefeito Eric Adams declarou uma “guerra aos ratos”, nomeou um czar dos ratos encarregado dos esforços de mitigação de roedores e sediou a primeira Cúpula Nacional de Ratos Urbanos da cidade.
Os centros urbanos que viram maiores aumentos de temperatura ao longo dos períodos de estudo tiveram maiores aumentos nas populações de ratos, descobriram os autores.
Das 16 cidades analisadas, 11 apresentaram um aumento na população de ratos, incluindo Washington, San Francisco e Nova York. A densidade populacional foi outro fator contribuinte para o aumento de roedores, com cidades mais densas apresentando um maior crescimento.
Mas os dados de longo prazo sobre populações de roedores são escassos e muitas cidades não rastreiam o quão rápido estão crescendo, o que torna difícil avaliar com precisão.
Kaylee Byers, professora assistente de ciências da saúde na Universidade Simon Fraser (Canadá), que estuda ecologia de doenças em ratos urbanos, diz que a dependência de dados de reclamações públicas é uma “faca de dois gumes”. Muitas vezes, é o melhor dado que eles têm, diz ela, mas é inconsistente.
O estudo publicado esta semana é uma oportunidade para pesquisas mais detalhadas —e um aviso antecipado para ajudar os gerentes da cidade a se prepararem para o que pode estar por vir, dizem Byers e Richardson.
E, por mais que os humanos adorem odiar os ratos, muitas vezes criam as condições exatas de que os roedores precisam para prosperar.
Em Nova York, os moradores da cidade há muito tempo levam seu lixo para a calçada todas as semanas em sacos plásticos, proporcionando aos ratos uma espécie de buffet à vontade. O estudo sugere que a mudança climática é apenas mais uma maneira de a humanidade inclinar a balança a favor dos ratos.
“Os ratos são, se muito, um reflexo das pessoas e de nossos comportamentos”, diz Byers. “A razão pela qual os ratos se saem bem nas cidades é por causa da comida que fornecemos a eles, dos ambientes que criamos para que prosperem.”