Pai de advogado morto no Centro do Rio também foi assassinado, quando filho tinha 10 anos; motivação ainda é mistério

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A vítima Rodrigo Marinho Crespo e a namorada, a modelo Isa Strapazzon — Foto: Redes Sociais

Por Vera Araújo

O advogado Rodrigo Marinho Crespo, de 42 anos, estava feliz com os novos projetos de vida. Segundo pessoas com quem convivia, ele estava animado com o escritório, algo que ele tinha orgulho de ter conquistado por si. Seu relacionamento com a modelo Isa Strapazzon, há quatro anos de idas e vindas, também tinha engatado. Rodrigo gostava de fazer brincadeiras e de conversar com amigos. O único assunto que Rodrigo evitava falar era sobre o pai, Francisco Atilio Crespo, que morreu assassinado a tiros como ele.

Rodrigo tinha apenas 10 anos quando o pai foi executado, em junho de 1992, por uma ex-namorada, segundo pessoas ligadas à vítima. O tema parecia adormecido por 32 anos, mas veio à tona com a execução brutal do advogado, na última segunda-feira, no Centro do Rio. Rodrigo foi atingido por cerca de 20 disparos de pistola 9 milímetros, por um homem que, vestido de roupas pretas e usando uma touca ninja, saiu de um Gol branco para executá-lo. Antes de apertar o gatilho, porém, chamou a vítima pelo nome. O crime ocorreu na segunda-feira passada (26/02), a 50 metros da sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em plena luz do dia.

A vítima, como era de costume, desceu do escritório, no número 160 da Avenida Marechal Câmara, no Centro do Rio. Quando caminhava pela calçada com o primo, foi surpreendido pelo atirador. O crime aconteceu às 17h14, segundo as gravações das câmeras de segurança do local. Bastaram 14 segundos para que o crime ocorresse. Os autores da emboscada, além de conhecerem os hábitos do alvo, ficaram, pelo menos, três horas esperando a vítima.

O advogado Rodrigo com a namorada Isa, em momento de descontração — Foto: Redes Sociais
O advogado Rodrigo com a namorada Isa, em momento de descontração — Foto: Redes Sociais

O veículo usado pelos criminosos desceu a Avenida Rua Marechal Câmara, passando pela Defensoria Pública e pelo Ministério Público do Rio. Na sequência, imagens das câmeras de segurança revelam que os criminosos seguiram pela Rua Santa Luzia, onde fica a Santa Casa de Misericórdia, até chegarem à Avenida General Justo e ao Aterro do Flamengo.

Rodrigo e Isa brincando com a altura de um e outro — Foto: Redes sociais
Rodrigo e Isa brincando com a altura de um e outro — Foto: Redes sociais

Como a rota de fuga foi pelo Aterro do Flamengo, os bandidos poderiam seguir pela via ou fazer o retorno em frente ao Aeroporto Santos Dumont, acessando o Túnel Marcello Alencar. Descendo o túnel, poderia pagar qualquer caminho: Zona Norte, Baixada e até a Ponte Rio-Niterói.

Planos para o futuro

Casal Rodrigo e Isa gostavam de curtir Beach Clubs — Foto: Redes Sociais
Casal Rodrigo e Isa gostavam de curtir Beach Clubs — Foto: Redes Sociais

Rodrigo era sócio do escritório Marinho e Lima Advogados, e se especializou em Direito Civil Empresarial com ênfase em Contratos e Direito Processual Civil. Seu sócio era o advogado Antônio Vanderler Lima Junior, filho do também advogado Antônio Vanderler Lima, que empregou Rodrigo quando ele ainda era estagiário, um jovem aluno da PUC-Rio, há 20 anos.

O relacionamento da vítima com a modelo iniciou em 2020, no Beach Club Silk, em Búzios. Um ano após se conhecerem, amigos do casal contam que chegaram a morar juntos por cerca de um ano e meio. De lá para cá, houve altos e baixos. O maior desentendimento ocorreu em junho, mas há sete meses eles retomaram a relação. Atualmente, não dividiam o mesmo teto, mas se viam quase todos os dias. Em seu Instagram, Isa tem fotos e vídeos com o namorado, inclusive no aniversário dela em 2022.
Rodrigo Marinho Crespo e a namora Isa — Foto: Redes Sociais
Rodrigo Marinho Crespo e a namora Isa — Foto: Redes Sociais

As investigações da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) estão sob sigilo. Os policiais estão focados no recolhimento de imagens de câmaras nos arredores da cena do crime, além de ouvir depoimentos de testemunhas. Também há equipes estudando os casos que Rodrigo atuava como advogado. Por enquanto, a motivação do crime ainda é um mistério para a polícia, uma vez que ele foi assassinado há apenas quatro dias.

Velório e sepultamento de Rodrigo Marinho Crespo, no Cemitério São João Batista, em Botafogo. — Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
Velório e sepultamento de Rodrigo Marinho Crespo, no Cemitério São João Batista, em Botafogo. — Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo

Na quarta-feira (28/02), Rodrigo foi sepultado no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Nada de orações ou discursos em sua homenagem. O silêncio só foi quebrado pelo choro compulsivo da irmã da vítima, Natacha Crespo. Ela era irmã por parte de pai:

— Era o meu único irmão. Perdi as pessoas que eu mais amava na vida da mesma forma — disse ela, referindo-se também ao pai Francisco, que também foi assassinado e sepultado, há 32 anos, no mesmo cemitério.

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