Por que a ex-prefeita Léa Toscano está saindo do PSDB?

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Léa Toscano

Políticos de uma maneira geral e jornalistas que acompanham e comentam sobre o assunto se esforçam desde a manhã de quarta-feira (28/02) para captarem as razões da decisão da ex-deputada estadual e ex-prefeita de Guarabira, Léa Toscano, de se desfiliar do PSDB.

A perplexidade se justifica. Lea, liderada pelo marido Zenóbio Toscano, não tem histórico de mudar de partido. O mesmo vale para a filha, a deputada Camila Toscano. Em 40 anos de política, Zenóbio, integrou apenas dois partidos políticos – o PMDB, de 1980 a 2001, e o PSDB, de 2021 a 2020. Saiu do PMDB em razão das circunstâncias geradas pela disputa entre o então governador José Maranhão e o senador Ronaldo Cunha Lima em 1998. Fiel, seguiu os rumos da família Cunha Lima. Léa seguiu os passos marido, mas tirou tempo para ficar cinco anos no PSB (2010/2015), quando se elegeu e exerceu mandato na Assembleia Legislativa. Em 2015, voltou ao PSDB.

E por que, agora, Léa Toscano discrepa e deixa o ninho tucano? Ela própria, em suas explicações, apresenta uma justificativa que não tem como não ser acreditada. Se trata do fechamento de um ciclo de vida política, e de vida.

Grande parte de imprensa especulou sobre problemas de relacionamentos políticos locais para sondar sobre as razões de Léa, que é pré-candidata a prefeita de Guarabira. Podem até haver motivações locais, mas são secundários.

O problema é o PSDB, que perdeu força política, está sem estrutura e sem muita perspectiva. A liderança da família Cunha Lima no partido e no Estado está esfumando. A fleuma de outrora está desaparecendo. Os tucanos da Paraíba estão sem asas para voar. É esse o ciclo que está se fechando.

E é, certamente, por causa desse contexto que Léa Toscano ultimou sua permanência no PSDB e se dispõe a se filiar a outro partido para disputar as eleições municipais.

A desfiliação de Léa só confirma um movimento que vem desde a proclamação do resultado das eleições de 2022. O senador Efraim Filho, eleito naquele pleito, ascendeu e está consolidando a posição de líder da oposição na Paraíba. A persistente busca pela filiação do prefeito Bruno Cunha Lima (Campina Grande) ao União Brasil era um passo importante da estratégia. Além do respaldo eleitoral e do trabalho no Senado, Efraim conta com a colaboração da própria família Cunha Lima. O ex-deputado Pedro Cunha Lima praticamente abdicou da possível liderança da oposição e Cássio Cunha Lima tem preferido se manter apenas nos bastidores da política. Em Campina Grande, o prefeito Bruno enfrenta problemas que o impedem de pensar em política para as além da Borborema.

Interessante observar que, durante duas décadas (a partir de 2002), a família Morais coadjudava a família Cunha Lima, no governo ou na oposição. As posições se inverteram. Agora é um Morais – Efraim Filho – quem está se estabelecendo na liderança do grupo.

Não se sabe ainda a qual partido Léa Toscano vai se filiar, mas, muito provavelmente, será ao União Brasil. Não apenas pela estrutura partidária para a campanha, mas, definitivamente, porque a legenda liderada por Efraim se fez polo se poder no Estado, o polo de poder da oposição.

Por Josival Pereira, t5

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