Recusa familiar é o principal motivo para não efetivação de transplantes de órgãos, diz Ministério da Saúde

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Foto: Pixabay

Dos motivos citados para a não efetivação de transplantes de órgãos no Brasil, a recusa familiar é o principal, de acordo com dados do Ministério da Saúde, de 2019 a 2023.

Os demais elencados foram diagnóstico de morte encefálica não confirmado, parada cardiorrespiratória e critério de exclusão absoluta.

No Brasil, a cada 14 pessoas que podem doar, apenas quatro se tornam doadoras. A fila de espera por um transplante tem 44.626 pacientes. Somente para o de córnea, são 29.658 pessoas.

filme da Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes —”Doação de órgãos: precisamos falar sim”—, lançada na sexta-feira (27), Dia Nacional da Doação de Órgãos, na abertura do Fórum Nacional para revisão do regulamento técnico do Sistema Nacional de Transplantes, em Brasília, reforça o tema.

As cenas trazem algumas famílias que são questionadas com a pergunta “você quer falar sobre doações de órgãos?” Todas dizem não. No momento, seguinte, apenas um familiar de cada grupo permanece no local.

A pergunta é reformulada: “e se seu filho, marido, pai precisasse de um doador, você falaria sobre doar órgãos?” Todos responderam “sim” se fosse para salvar um ente querido. A campanha conscientiza sobre a importância das famílias dialogarem a respeito do assunto.

De janeiro a junho de 2023, no Brasil, havia 6.857 potenciais doadores de órgãos. Destes, 2.043 se tornaram efetivos. No mesmo período deste ano, esse número chegou a 7.397. Porém, a quantidade de efetivos diminui para 1977 — 3,2% menor, na comparação.

“O grande entrave é exatamente a ampliação da doação de órgãos. Por isso, essa mensagem dirigida às famílias, a quem cabe essa autorização, essa doação. Falar de transplantes é sempre difícil, como diz nossa campanha, mas é falar sobre chance de vida. Nós sempre associamos com a morte. Vamos pensar que é falar sobre solidariedade, que é tão importante quando pensamos no tema”, afirma a ministra Nísia Trindade.

Pode autorizar a retirada de órgãos e partes do corpo de pessoas mortas para transplantes o cônjuge ou um parente maior de idade, obedecida a linha sucessória até o segundo grau, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação do óbito.

Por isso é importante avisar aos familiares ainda em vida se desejar que os órgãos sejam doados.

“O grande problema é que muitas pessoas não conversam com a família sobre o assunto. Então, nós atribuímos que muitas das doações não acontecem pelo não conhecimento, pela falta de diálogo prévio da família com aquele que morreu. Do ano passado para esse, o número de recusas familiares aumentou cinco pontos percentuais. O ano passado 40% das famílias negavam; hoje estamos em 45% de negação. Isso impacta bastante no número das doações e, consequentemente, no de transplante de órgãos.”, afirma o especialista em doação e transplante de órgãos Tadeu Thomé, membro da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos) e CEO da Xeno BR – uma startup que produz órgãos de porcos geneticamente modificados para fazer transplante.

Na visão de Tadeu, Incentivar as famílias a conversarem sobre o assunto é a ação de curto prazo. Mas outras são importantes, como intensificar as campanhas nas escolas e nas faculdades, principalmente das áreas médicas.

“O transplante é a única área da medicina que depende exclusivamente da sociedade. Você pode ter o melhor hospital, melhor equipe médica, melhor remédio para não rejeitar o órgão, mas se a família não falar sim, o transplante não acontece. Por isso que a campanha tem que ser comunicada em todos os níveis da sociedade. Hoje, muitos profissionais saem formados médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, sem o devido conhecimento, sem formação sobre transplante, doação de órgãos, morte encefálica e tudo o que envolve”.

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