Voo do ministro Juscelino em avião da FAB custou R$ 130 mil à União

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Juscelino Filho, ministro das Comunicações do governo Lula. Foto: MCom/Isac Nóbrega

O Ministério da Defesa calculou que voo com avião da FAB (Força Aérea Brasileira) de ida e volta do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, custou R$ 130.392,87 aos cofres públicos. Em janeiro, ele foi a São Paulo para participar de um leilão de cavalos. As informações são do jornal “Estado de S. Paulo” em reportagem publicada nesta 3ª feira (23.mai.2023).

Os documentos da Defesa mostram que Juscelino solicitou o voo de volta a Brasília, contradizendo a versão dos advogados do ministro que afirmaram que ele teria pego carona com Luiz Marinho, ministro do Trabalho, e, por isso, não teria tido gasto com dinheiro público.

De acordo com jornal, Juscelino só dedicou 2h30 da viagem com compromissos oficiais, apesar de ter informado a FAB que a ida à São Paulo tinha motivação de viagem “a serviço”. De 27 a 30 de janeiro, o ministro só participou de eventos de cavalo.

A Defesa informou à deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP), que Juscelino pediu voo de volta a Brasília, às 17h33, em 27 de janeiro. Portanto, a tese de que ele teria pego carona com Luiz Marinho, é explicada pelo fato de os 2 terem pedido um avião da FAB com mesma origem e destino.

Dados obtidos via LAI (Lei de Acesso à Informação) mostram que Juscelino não consta na relação de passageiros do voo de Luiz Marinho.

ENTENDA

Juscelino Filho tem 38 anos e foi reeleito deputado federal em 2022 com 142.419 votos. Assumiria novo mandato na legislatura empossada em 1º de fevereiro, mas se licenciou para assumir o Ministério das Comunicações.

O cargo de Juscelino ficou abalado depois que casos de corrupção foram revelados pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, afetando sua credibilidade nos primeiros 60 dias de governo.

Entenda as acusações contra o ministro:

  • emendas para fazenda privada:

O ex-deputado federal destinou R$ 7,5 milhões das emendas de relator à prefeitura de Vitorino Freire (MA) para pavimentar estradas, dos quais R$ 5 milhões seriam para melhoria de 19 km de um trecho que circunda ao menos 8 fazendas de sua família. A prefeita de Vitorino Freire é Luanna Rezende, irmã do ministro.

A empresa contratada pelo município para a obra era de um amigo de Juscelino Filho, o empresário Eduardo José Barros Costa –conhecido como Eduardo Imperador.

O engenheiro da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) Julimar Alves da Silva Filho foi o responsável por assinar o parecer autorizando o valor orçado para a pavimentação.

Eduardo Imperador foi preso por acusações de pagamento de propina a funcionários federais para obter obras na cidade e de ser sócio oculto da Construservice. Já o engenheiro da Codevasf foi afastado sob suspeita de receber R$ 250 mil em propina de Eduardo.

  • envio de dados falsos à Justiça sobre voos de helicóptero:

Outra acusação contra Juscelino é relacionada à falsificação de informações sobre o pagamento de R$ 385 mil em táxi-aéreo na campanha eleitoral de 2022. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Juscelino informou à Justiça Eleitoral que fez 23 viagens pela empresa Rotorfly Taxi Aéreo de agosto a setembro de 2022, durante a campanha. Na prestação de contas, é dito que 3 supostos cabos eleitorais teriam realizado os percursos.

  • pagamento de despesas depois das eleições:

De acordo com o MPE (Ministério Público Eleitoral), Juscelino também gastou R$ 185 mil de forma irregular para pagamento de despesas depois das eleições de 2022. No total, somados os gastos com a empresa de táxi-aéreo, foram R$ 570 mil.

As informações constam em recurso de 16 de dezembro da Procuradoria Regional Eleitoral do Maranhão ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contra decisão do TRE-MA (Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão).

  • avião da FAB para participar de leilão de cavalos:

Juscelino usou diárias e um avião da FAB para ir a um leilão de cavalos de raça em janeiro, sob a justificativa de que se tratava de uma viagem “urgente”.

Segundo reportagem do jornal Estado de S. Paulo, o ministro assessorou compradores de animais e inaugurou uma praça em homenagem ao cavalo de um sócio no município de Boituva, em São Paulo.

Na data da viagem, Juscelino teve só duas horas de compromissos oficiais e o evento com cavalos não constava em sua agenda.

Para a viagem, recebeu R$ 3.000 para as diárias e voou em um jato privado da FAB, de Brasília a São Paulo.

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