Abin fecha portaria de sede e reduz internet de celulares para cortar gastos

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Vista da entrada da sede da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em Brasília. — Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

A direção geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) fechou uma das portarias de sua sede, em Brasília, e reduziu a internet dos celulares funcionais depois de um pente-fino em parte dos contratos para enxugar gastos.

Reservadamente, três oficiais ouvidos pela reportagem veem descaso do governo Lula (PT) com a agência e dizem que a falta de recursos também afeta operações de inteligência.

Uma das decisões mais criticadas internamente foi o corte de metade da internet móvel dos aparelhos, sem previsão de volta.

Agentes afirmam reservadamente que a redução prejudica os servidores em trabalho operacional, sobretudo, e vai na contramão das diretrizes de segurança da própria Abin, que desincentivam o uso de equipamentos pessoais e redes Wi-Fi.

Procurada, a agência não quis se manifestar. Interlocutores do diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, se limitaram a afirmar que a agência tem revisto os contratos diante de sucessivos cortes no Orçamento desde o começo do ano.

Para driblar a falta de recursos, a Abin reduziu o contrato com a empresa de segurança do órgão e fechou uma de suas portarias. Isso obriga pedestres e usuários de metrô a buscarem a portaria principal e caminhar cerca de 800 metros até o prédio onde trabalha a maior parte da equipe.

Também tem causado polêmica na agência o corte dos banhos quentes em parte dos chuveiros à disposição dos servidores no complexo. A direção geral nega mudança nesse sentido, mas agentes reclamam que os fios do vestiário foram cortados para, supostamente, diminuir os gastos com energia elétrica.

Para 2024, o governo federal propôs R$ 112 milhões em despesas discricionárias da Abin, cifra usada para investimentos e gastos com contratos, sem compromisso com o pagamento de salários. O valor, porém, acabou reduzido pelo Congresso durante a votação do Orçamento para R$ 93,8 milhões.

Durante o ano, o governo ainda cortou R$ 16,7 milhões da agência, e a verba disponível ficou em R$ 77,1 milhões. O órgão de inteligência teve outros R$ 7,1 milhões bloqueados para cumprir regras do arcabouço fiscal.

Somados cortes e bloqueio, a Abin tem hoje cerca de R$ 70 milhões para bancar contratos e gastos operacionais, sendo que R$ 53,3 milhões já estão empenhados.

A proposta do governo Lula para o Orçamento discricionário da Abin de 2025 soma R$ 93,9 milhões, verba menor do que a sugerida no ano anterior. O valor é próximo aos R$ 91,5 milhões propostos para o órgão por Jair Bolsonaro (PL) em 2022, em valor sem correção monetária.

Os agentes temem que a estrutura seja enxugada, cada vez mais, em retaliação às suspeitas de espionagem durante a gestão do hoje deputado federal e candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro Alexandre Ramagem (PL), no governo Bolsonaro —embora parte das denúncias pese contra policiais federais.

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