Adiamento de Lula não prejudica negociações do setor agro na China, diz especialista

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Lula. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Por Sofia Kercher e Carol Raciunas

Apesar do adiamento da viagem de Lula à China, por motivos médicos, há um clima de grande empolgação por parte da delegação brasileira que já se encontra no país. É o que afirma, em reportagem da CNN, Larissa Wachholz, especialista do núcleo de Ásia do Cebri, que está em Pequim desde quarta-feira (22) acompanhando as negociações entre os dois países.

“Em primeiro lugar, há um sentimento geral de solidariedade com a situação do presidente Lula. Claro que todos compreendem que é uma questão de saúde, e, no mais, há um clima de grande empolgação”, explica Wachholz. “Há uma certeza de que a viagem será remarcada”.

Segundo a especialista, muitas das atividades que haviam sido programadas foram mantidas. Uma delas, o diálogo sobre desenvolvimento sustentável promovido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), vai acontecer nesta segunda-feira (27), e contará com a participação de empresas e think-tanks de ambos os lados.

Em relação ao agro, Wachholz afirma que o setor só tem o que comemorar. “Algumas entregas já foram feitas, que o setor mais esperava nessa semana: o fim da auto-suspensão da carne bovina brasileira, a aprovação de plantas que podem passar a exportar proteína animal para a China… são excelentes notícias as quais o agro ansiava”, explica.

Ela desmistifica a perspectiva de que há um prejuízo em relação a essas negociações apenas porque o presidente não pode comparecer. “As negociações acontecem porque fazem sentido para as partes, independentemente de haver uma situação específica para serem anunciadas. O momento de uma visita presidencial é reunido o que se tem de melhor, mais concreto e mais avançado dos dois lados, mas as negociações foram feitas porque elas faziam sentido”, explica.

“Não há um grande prejuízo, porque as parcerias não vão deixar de se concretizar por causa disso”.

Além do setor primário

Segundo Larissa, a China está se encaminhando para se tornar o maior mercado consumidor do mundo. Com isso, existe mercado para se trabalhar uma gama de produtos bastante diversos — no qual o Brasil pode tirar grande proveito, com a estratégia certa.

Para transpassar as exportações — hoje, primariamente concentradas em commodities — Wachholz afirma que os esforços que precisam ser feitos para agregar valor às exportações não são advindos de nenhum acordo específico. “É preciso uma avaliação de custos de produção do Brasil, e um segundo esforço de marketing, de promoção de produtos que construam uma reputação de empresas e setores”, argumenta.

“Você está falando de produtos que vão direto para o consumidor. Ele toma uma decisão de compra porque ele conhece e tem preferência por uma determinada marca ou produto. É essencial que a gente também construa uma reputação aqui na China que, hoje, está ausente”.

“Existe uma complementariedade grande entre essa economias que ainda tem bastante a cultivar. Temos uma relação boa, mas podemos almejar e ir além daquilo que já foi construído”, finaliza.

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