América Latina vive ‘um novo renascimento feminista’, diz escritora chilena Diamela Eltit

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A escritora chilena Diamela Eltit afirma que a América Latina vive “um novo renascimento feminista”

(Arquivo) Mulheres participam na Argentina de manifestação para exigir a legalização do aborto, a igualdade de gênero e o fim da violência contra as mulheres, em frente ao Congresso em Buenos Aires, em 9 de março de 2020 - AFP

A escritora chilena Diamela Eltit, vencedora do Prêmio FIL de Literatura 2021, afirma que a América Latina vive “um novo renascimento feminista” com mulheres que lutam por melhores condições de vida, reivindicam seus corpos e exigem o fim da violência de gênero.

“Os feminismos são diversos, há muitas opções, muitas buscam outros horizontes, o interessante é evitar a ruptura” entre as mulheres, disse Eltit à AFP em entrevista na Cidade do México, onde nesta segunda-feira também receberá o Prêmio Internacional Carlos Fuentes de Criação Literária 2020.

A autora de obras como “Jamais o fogo nunca” (2007) lembrou que o Chile vive desde 2018 “uma rebelião feminista”, após a eclosão de enérgicas manifestações pela erradicação do “machismo predominante” e o patriarcado.

“As mulheres se juntaram de forma massiva para pedir melhores condições de vida, para reivindicar o corpo, não como objeto, mas como sujeito político”, apontou.

Eltit, de 72 anos, pertence a uma geração de escritores chilenos que na década de 1980 abriu espaços de reflexão sobre questões como sexualidade, política e identidade de gênero.

E, para ela, a lei de interrupção da gravidez aprovada em dezembro de 2020 na Argentina graças à luta feminista, representou uma grande mudança para os direitos reprodutivos na América Latina.

“O corpo da mulher ainda pertence ao sistema jurídico e, em outros casos, à religião, porque controlaram a mulher, confiscaram seu útero”, lamentou, porém, a também ganhadora do Prêmio Nacional de Literatura do Chile em 2018.

– Longo caminho pela frente –

Embora esteja otimista com os avanços do feminismo na região, ela alertou que “o caminho pela frente é longo”.

Enquanto discussões como as que estão ocorrendo sobre o assédio sexual – que tem levado homens à prisão nos Estados Unidos – avançam, questões como disparidade salarial ainda persistem, indicou.

“As mulheres ganham menos, o que significa que pelo sistema valemos menos. Essa desvalorização é algo que devemos tentar reduzir”, disse.

Com mais de vinte livros publicados, incluindo “Lúmperica” (1983), “Vaca Sagrada” (1991) e “Impuesto a la carne” (2010), a obra de Eltit será duplamente premiada no México, onde viveu entre 1990 e 1994.

A autora receberá nesta segunda-feira o Prêmio Carlos Fuentes, concedido pela Secretaria de Cultura e a Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), em uma cerimônia no Palácio de Belas Artes da capital mexicana.

E em novembro receberá o prêmio da Feira Internacional do Livro (FIL), considerado o encontro literário de língua espanhola mais importante do mundo.

“Foi uma surpresa emocionante, linda (…) Ainda estou impressionada com os prêmios”, concluiu.

Crédito: AFP 

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