Amigo diz que motorista de Porsche bebeu antes de acidente que matou homem: ‘Estava alterado por conta da bebida’

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Fernando Sastre de Andrade Filho (foto) é o motorista do Porsche envolvido no acidente que matou um motorista por aplicativo. — Foto: Reprodução/TV Globo

O estudante de medicina Marcus Vinicius Machado Rocha, amigo do condutor do Porsche que provocou um acidente no final do mês passado e matou um motorista de aplicativo na Zona Leste de São Paulo, foi ouvido na tarde de quinta-feira (11) pela Polícia Civil no Hospital São Luiz Anália Franco, onde está internado, sem previsão de alta.

O site g1 e a TV Globo apuraram que um delegado e um investigador que foram nesta tarde ao quarto em que Marcus estava confirmaram que o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, que dirigia o carro de luxo, tomou bebida alcoólica e acelerou antes de bater na traseira do Sandero de Ornaldo da Silva Viana, que morreu. Ele tinha 52 anos (saiba mais abaixo).

O acidente ocorreu em 31 de março na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, e foi gravado por câmeras de segurança.

30º Distrito Policial (DP) investiga as causas e eventuais responsabilidades pelo acidente que matou Ornaldo e feriu Marcus gravemente.

O estudante de 22 anos estava dentro do Porsche no momento da batida. Ele fraturou quatro costelas, foi entubado e internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e ainda passou por duas cirurgias (para a retirada do baço e colocação de drenos no pulmão). Seu estado de saúde é estável e ele deverá ter alta nos próximos dias para se recuperar em casa.

Fernando teria tido um corte na boca, mas não foi hospitalizado. O empresário de 24 anos foi indiciado por homicídio por dolo eventual (por ter assumido o risco de matar Ornaldo), lesão corporal (por machucar Marcus) e fuga do local do acidente (para não fazer o teste do bafômetro da Polícia Militar, que poderia detectar se ele bebeu e dirigiu).

O motorista do Porsche já foi interrogado pela investigação e negou ter bebido ou fugido do local. Admitiu, no entanto, que dirigia “um pouco acima do limite” de velocidade para a via, que é de 50 km/h. A namorada de Fernando foi ouvida nesta semana pela polícia e confirmou a versão dele.

Algumas testemunhas, no entanto, contaram no 30º DP que Fernando bebeu “alguns drinks”, tinha sinais de embriaguez, transitava bem acima do limite para a avenida e havia garrafas dentro do carro de luxo.

Uma das pessoas ouvidas pela investigação foi a namorada de Marcus, que é acompanhada pelos mesmos advogados do estudante.

‘Alterado por conta da bebida’

Acidente Porsche — Foto: Reprodução
Acidente Porsche — Foto: Reprodução

O depoimento de Marcus corroborou com o que sua namorada havia dito. O estudante também confirmou que Fernando e as namoradas dois dois amigos haviam se encontrado na noite do dia 30 de março, quando os quatro tomaram alguns drinks de bebidas destiladas. Depois seguiram para uma casa de pôquer, onde ficaram até o início da madrugada do dia seguinte.

Como Fernando “estava alterado por conta da bebida”, Marcus contou que se ofereceu para ir com o amigo como passageiro para que ele não fizesse “besteira”.

Ainda segundo Marcus, Fernando dirigia de maneira “tranquila”, mas depois “deu uma acelerada” antes de entrar na avenida. Foi nessa via que ocorreu o acidente.

Polícia Técnico-Científica vai analisar as imagens para determinar qual era a velocidade do Porsche. O laudo será feito pelo Instituto de Criminalística (IC).

O delegado Nelson Alves, titular do 30º DP, perguntou a Marcus se ele lembrava de como foi a batida do Porsche no Sandero. Mas o estudante contou que “não consegue se recordar de mais nada”, e que “não tem lembranças de como se deu o acidente”.

Marcus contou que se lembra apenas que acordou após a colisão e se recorda de estar deitado no chão e “sentindo dores”. E que ao recobrar a consciência “já estava internado”.

Polícia fala em ‘novidades’ e advogados confirmam versão

O site g1 e a TV Globo estiveram na quinta-feira (11) em frente ao hospital onde a polícia ouviu Marcus. Na saída, o delegado Nelson disse que não poderia comentar o que o amigo de Fernando havia dito, mas que a imprensa teria “novidades” na investigação. No entanto não disse o que seria.

Ao serem abordados pela reportagem, os advogados José Roberto Lourenço e Amanda Bessoni Boudox Salgado, que defendem os interesses de Marcus e acompanharam o depoimento dele no hospital, também disseram que também não poderiam dar mais detalhes do que seu cliente disse.

Mas confirmaram que ele contou mesmo aos policiais que Fernando tinha ingerido bebida alcóolica antes do acidente.

“Ele contou que estavam em um restaurante, que consumiram bebidas alcoólicas lá. De lá eles foram para a casa de pôquer. Na casa de pôquer eles ficaram separados, (…) em mesas separadas. Ele não conseguiu ver se lá ele consumiu bebida alcoólica ou não. De lá, eles saíram, teve uma discussão, segundo ele disse, o amigo estava um pouco alterado, e a última coisa que ele se lembra é ele no carro com o amigo e o amigo acelerando”, relatou José Roberto.

A polícia pediu imagens das câmeras de segurança dos estabelecimentos para saber se Fernando bebeu nesses locais. Até o momento, nenhum vídeo que mostra o empresário bebendo surgiu na investigação.

Justiça negou dois pedidos de prisão

A polícia já pediu duas vezes a prisão de Fernando à Justiça, que negou os pedidos. O empresário responde aos crimes em liberdade, mas foi obrigado pela Justiça a entregar o passaporte à Polícia Federal (PF) e pagar uma fiança de R$ 500 mil. Além disso, teve a carteira de motorista suspensa provisoriamente.

A defesa de Fernando alega que o acidente foi uma “fatalidade”. A reportagem tenta contato com seus advogados para comentar os depoimentos de Marcus e da namorada dele, mas não teve retorno.

Corregedoria da Polícia Militar (PM) investiga se os policiais militares falharam no atendimento da ocorrência por não terem feito o teste do bafômetro em Fernando. Sem o exame, não foi possível saber se o motorista do Porsche havia bebido.

A mãe do empresário também prestou depoimento e afirmou que os policiais militares tinham liberado seu filho do local do acidente para ir a um hospital. Mas a mulher não o levou para lá alegando que estava sendo ameaçada pelas redes sociais por causa do acidente causado pelo filho.

“Um sentimento de injustiça gigantesco dentro de mim”, escreveu em seu Instagram, Luam Silva, filho do motorista por aplicativo Ornaldo, morto no acidente.

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