Azerbaijão acusa Rússia de tentar ocultar seu papel em queda de avião da Embraer

O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, acusou no domingo (29) autoridades russas de tentar ocultar seu papel na queda de um avião de passageiros da Azerbaijan Airlines no Cazaquistão com 67 pessoas a bordo.

Aliyev também afirmou que o voo foi atingido por disparos feitos do solo na Rússia. A aeronave, fabricada pela Embraer, bateu contra o solo na quarta-feira (25) perto da cidade de Aktau. Segundo as autoridades, 38 pessoas morreram, incluindo pilotos, e várias outras foram hospitalizadas em estado grave.

O Ministério dos Transportes do Cazaquistão afirmou neste domingo que as caixas-pretas do avião serão enviadas ao Brasil como parte das investigações.

No sábado, o presidente Vladimir Putin pediu desculpas a Aliyev pelo “trágico incidente” ocorrido no espaço aéreo russo. Um comunicado do Kremlin mencionou apenas que uma investigação criminal foi aberta.

“Nosso avião foi derrubado por acidente”, disse Aliyev à televisão estatal neste domingo, acrescentando que a aeronave sofreu algum tipo de pane eletrônica e foi atingida enquanto se aproximava da cidade de Grozni, capital da república da Tchetchênia, na Rússia.

“Infelizmente, nos últimos dias ouvimos apenas versões absurdas da Rússia”, disse Aliyev, referindo-se a declarações que atribuíam a queda à colisão com pássaros ou à explosão de uma espécie de cilindro de gás. “Presenciamos tentativas claras de encobrir o assunto”, acrescentou.

Uma das linhas de investigação apura se o avião foi atingido, de forma acidental, no momento em que se aproximava de Grozni. A hipótese foi levantada por investigadores do Azerbaijão e repassada de forma anônima a agências de notícias internacionais.

A possibilidade decorre da análise de danos na cauda do Embraer E-190, que ficou quase intacta após a tentativa de pouso sem controle por parte dos pilotos. Imagens gravadas após a queda mostram furos na fuselagem compatíveis com o que acontece quando um míssil antiaéreo explode. O artefato não atinge o alvo, e sim detona a certa distância para produzir uma nuvem de estilhaços, maximizando os danos.

A aeronave havia partido de Baku, a capital do Azerbaijão, e voava em direção a Grozni. Mas o voo de número J2-8243 foi forçado a fazer um pouso de emergência a 3 km de Aktau, cidade que fica na margem oposta do mar Cáspio em relação ao Azerbaijão e à Rússia.

A agência russa de aviação civil disse que a situação no aeroporto de Grozni no dia da queda era difícil porque havia drones ucranianos lançando ataques contra infraestruturas civis nos arredores.

O presidente do Azerbaijão afirma esperar que a Rússia admita sua culpa pelo ocorrido e puna os responsáveis. Putin e Aliyev realizaram outra ligação telefônica no domingo, segundo o Kremlin. Nenhum detalhe foi divulgado.

O pedido de desculpas feito por Putin no sábado, extremamente raro, é o mais próximo que Moscou chegou de assumir alguma culpa pelo desastre.

As declarações de Aliyev foram feitas enquanto o Azerbaijão prestava homenagem aos pilotos e passageiros do avião. O capitão Igor Kshnyakin, o copiloto Alexander Kalyaninov, ambos de origem russa com cidadania do Azerbaijão, e a comissária de bordo Hokuma Aliyeva receberam honras em uma cerimônia no centro de Baku, com a presença de Aliyev.

“Os pilotos eram experientes e sabiam que não sobreviveriam ao pouso de emergência”, disse Aliyev. “Para salvar os passageiros, eles agiram com grande heroísmo e, como resultado disso, houve sobreviventes”, afirmou.