Segundo o relatório, divulgado pelo jornal O Globo, o repasse é apontado como o principal débito de Bolsonaro em uma conta mantida por ele em um banco público. A data da transação é de 27 de dezembro de 2022. Três dias depois, o então presidente embarcou para Orlando, onde ficou hospedado na casa do ex-lutador de MMA José Aldo.
A viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos, segundo dados do Portal da Transparência, representou despesa média de R$ 7,1 mil por dia com os assessores. A verba é destinada a custear os gastos de hospedagem e alimentação dos servidores.
O valor supera o montante que outros ex-presidentes costumam gastar por ano com esse tipo de despesa e chega perto de quanto alguns mandatários custam anualmente aos cofres públicos.
Questionado pelo portal, o ex-secretário de Comunicação Social Fabio Wajngarten e advogado de Bolsonaro afirmou que o assunto é “antigo”. No Twitter, ele afirmou que “são inadmissíveis os vazamentos de quebras de sigilos financeiros de investigados no inquérito de 8/1 e ou de qualquer outra investigação sigilosa”.
No mesmo post, ele aponta que é “necessário identificar quem está entrando na tal sala cofre para que as medidas judiciais sejam tomadas. Quem vazou será criminalizado”.
Em janeiro deste ano, a mídia revelou suspeitas de que seu principal ajudante de ordens no Palácio do Planalto, o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, operava uma espécie de caixa 2 com recursos em espécie que eram usados, inclusive, para pagar contas pessoais da primeira-dama Michelle Bolsonaro e de familiares dela.
A mídia mostrou que os investigadores que atuam com Moraes mapearam, a partir de quebras de sigilo autorizadas pelo ministro, saques e pagamentos feitos por Cid e homens de sua equipe na agência do Banco do Brasil localizada dentro do palácio presidencial.
Além disso, foi revelado em julho deste ano que a conta no BB foi encerrada por questão de compliance. Em nota, a empresa informou à coluna que possui “protocolos rígidos de acompanhamento das movimentações financeiras de seus clientes”. E disse “respeitar integralmente a legislação e a regulamentação bancária em todos os países em que atua”.
Remessas internacionais de Mauro Cid
Outro relatório do Coaf enviado à CPMI do 8 de Janeiro apontou que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, enviou remessas que somam R$ 367,3 mil aos Estados Unidos em apenas um dia.
Os valores, de acordo com o documento, teriam sido enviados pelo militar no dia 12 de janeiro de 2023, quando tanto Mauro Cid quanto o ex-presidente da República estavam em solo americano.
O montante, segundo o relatório, faz parte dos R$ 3,2 milhões em movimentações bancárias feitas por Cid entre 26 de junho de 2022 e 25 de janeiro de 2023, consideradas “atípicas” pelo Coaf.
Em conversas reservadas, familiares do militar informaram que os R$ 367,3 mil seriam oriundos das economias dele e custeariam uma viagem em comemoração aos 15 anos de uma das filhas.