Carro com adesivo de Lula é depredado em ato bolsonarista na Paraíba; vídeo

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Carro com adesivos de Lula foi cercado por bolsonaristas e depredado — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Um vídeo mostra um carro sendo depredado por bolsonaristas após a motorista tentar passar por um ato contra o resultado das urnas que acontecia na noite da quarta-feira (2/11), em João Pessoa. O caso foi registrado como lesão corporal e embriaguez ao volante, contra a condutora. Ela foi presa e liberada após fiança de R$ 600. A defesa nega os crimes. As pessoas que depredaram o veículo não foram detidas.

O caso aconteceu em frente ao Grupamento de Engenharia do Exército, na Avenida Epitácio Pessoa, onde acontecia a manifestação de um grupo bolsonarista. A ação ocupava as duas calçadas e o canteiro central da avenida, uma das principais de João Pessoa.

A motorista passava em um veículo com adesivos do presidente eleito Lula (PT). Segundo ela, foi hostilizada pelo grupo e avançou sobre o bloqueio. Em seguida, o carro foi cercado e depredado. Na ação, o carro teve os vidros quebrados. (Veja o vídeo clicando aqui)

Carro de Flávia está na Central de Polícia Civil de João Pessoa e vai passar por perícia — Foto: Antonio Vieira/TV Cabo Branco
Carro de Flávia está na Central de Polícia Civil de João Pessoa e vai passar por perícia — Foto: Antonio Vieira/TV Cabo Branco

A Polícia Militar estava acompanhando o ato e interveio após a depredação. A mulher foi detida em flagrante pela polícia por lesão corporal na direção de veículo e embriaguez pois, segundo os agentes, se recusou ao teste do bafômetro. Segundo a defesa, ela teria se negado no local, mas na delegacia teria se colocado à disposição para o exame, que não foi feito.

Segundo a polícia, três pessoas alegaram terem sido atingidas pelo carro e prestaram depoimento. Nenhuma das pessoas flagradas no vídeo depredando o carro foram encaminhadas à delegacia ou detidas pela polícia.

O que diz a defesa dela

A defesa de Flávia Bonolo alega que o caso não deveria ter sido registrado como acidente de trânsito, pois houveram supostas agressões anteriores, que deveriam ter sido investigadas pela polícia. Segundo o advogado da condutora, Getúlio Souza, ela teria se recusado a fazer o teste, inicialmente, por achar que o caso não competia à polícia de trânsito. Porém, decidiu fazer o exame quando o resultado do teste visual da polícia “apontou que ela estava com a voz alterada”.

“Por um acaso eu filmei isso e indaguei o policial sobre o porquê de ele estar se recusando e ele simplesmente falou: ‘porque ela já tinha se recusado’. Ora, se ela pode fazer uma contraprova, eu me pergunto por que um agente de segurança se negou a fazer o teste nela?”, disse.

O vídeo em questão, filmado por Getúlio, mostra o diálogo entre ele e a geógrafa, no momento em que os policiais assinam o auto de infração. (Veja o vídeo clicando aqui).

  • Advogado: Quero deixar registrado em vídeo, como prova do processo, que a autoridade policial colocou que ela estava com a voz alterada e a suposta vítima, ou agente ativa, está querendo fazer o teste.
  • Flávia: Tem como eu falar para o vídeo para mostrar que eu não estou de maneira alguma, absoluta, com a fala alterada? De nenhuma forma, sob nenhuma… falando normalmente?
  • Advogado: Você quer fazer o teste do bafômetro?
  • Flávia: Quero.
  • Advogado: Você deseja fazer o teste do bafômetro?
  • Flávia: Com certeza.

O que diz a polícia

Segundo o BPTran, ela apresentou sinais de embriaguez e se recusou, inicialmente, a fazer o teste do etilômetro, sendo autuada em flagrante por dirigir sob influência de álcool e se recusar a fazer o teste que poderia certificar a influência da substância.

“A carteira dela é recolhida nos termos do artigo 165A. Como ela se recusou a ser submetida ao teste, a medida administrativa é o recolhimento da CNH e [o documento] é enviado ao Detran, até que ocorra todo o trâmite do processo”, disse o sargento Albérgio, do BPTran.

Em entrevista à TV Cabo Branco, o comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Marques Júnior, disse que a condutora se negou a fazer o teste de alcoolemia e que por isso foi autuada em flagrante, também por lesão corporal. Ainda conforme o comandante, três pessoas precisaram ser socorridas após ficarem lesionadas. O local onde eles foram atendidos não foi informado.

Segundo a Polícia Civil, Flávia foi indiciada por direção sob efeito de álcool e lesão corporal. Ela pagou uma fiança de R$ 600 e foi liberada. O ato encerrou-se no final da noite, mas algumas pessoas continuaram a dormir no local e a manifestação voltou a acontecer no início da manhã desta quinta-feira (3).

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