Coronel que dá curso em Escola de Guerra contesta investigação da PF e diz que eleição foi roubada
Diretor do CGERD (Curso de Gestão de Recursos de Defesa) da Escola Superior de Guerra, Anderson Freire Barboza postou em um grupo que as eleições de 2022 “foram roubadas”, chamou o presidente Lula de ladrão e contestou a veracidade da investigação da Polícia Federal sobre a trama golpista.
A postagem foi feita na noite de quinta-feira (21) em um grupo de WhatsApp que reúne cerca de 100 pessoas, entre professores e ex-alunos da ESG —escola vinculada ao Ministério da Defesa, comandado pelo ministro José Múcio Monteiro.
Mais cedo, a PF havia indiciado 37 pessoas, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Defesa Braga Netto, vice em 2022 na chapa derrotada, e o ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Augusto Heleno.
Barboza, que é coronel da reserva, começa a mensagem escrevendo que “as pessoas estão esquecendo”.
A seguir, diz que as “eleições foram roubadas sob a liderança de Alexandre de Moraes”. “Desde a soltura do ladrão até todos os atos perpetrados em favor de Lula na corrida eleitoral.”
A mensagem continua e o coronel da reserva afirma que as “pessoas estavam indignadas e grande parte da população não aceitava o resultado”. Conclui dizendo que após isso, “claro, vamos discutir sobre a veracidade dessa apuração de fatos da PF”.
Procurado, Barboza confirma que fez a publicação. “Trata-se de um desabafo, pois os militares que conheço entre os 37 citados são profissionais extremamente competentes, o que naturalmente gera um sentimento de tristeza”, diz.
“No grupo mencionado, formado majoritariamente por civis, começaram a surgir ilações sem que as informações completas fossem consideradas”, continua. “Assim, o desabafo foi simplesmente de um cidadão indignado com a forma como algumas pessoas julgam sem conhecer todos os fatos, algo claramente pouco ético. Por isso, decidi responder na mesma moeda.”
Anderson Freire Barboza é militar aposentado contratado pelo Ministério da Defesa como PTTC (Prestador de Tarefa por Tempo Certo). As Forças Armadas possuem um contingente de 12 mil aposentados que voltaram à caserna, com bônus de 30% nos salários e falhas na transparência.
Procurada, a ESG não se manifestou.