Deputado do PL diz que ‘exagerou’ e pede desculpas após desejar morte de Lula; compare as falas

O presidente Lula (PT) durante viagem ao Japão; crise de popularidade continua e governo tenta contraofensiva - Kazuhiro Nogi - 27.mar.25/AFP
O deputado Gilvan da Federal (PL-ES) pediu desculpas na quarta-feira (9), no plenário da Câmara, por ter dito na véspera que desejava a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Gilvan deu a primeira declaração durante sessão na Comissão de Segurança Pública da Câmara – onde era relator, justamente, de um projeto que prevê desarmar a segurança pessoal do presidente (veja abaixo).
Após a repercussão ruim da fala, Gilvan pediu a palavra em plenário para se retratar. Disse que “exagerou” e que estava “reconhecendo o seu erro”.
“Aprendi com meu pai que um homem deve reconhecer os seus erros. Ontem [terça-feira (8)], na Comissão de Segurança Pública, estávamos debatendo um projeto para desarmar os seguranças do descondenado Lula, e eu disse que, se ele tivesse um infarto ou uma taquicardia e morresse, eu não ia ficar triste”.
“Um cristão não deve desejar a morte de ninguém. Então, eu não desejo a morte de qualquer pessoa. Continuo entendendo que Luiz Inácio Lula da Silva deveria estar preso e pagar por seus crimes e por tudo o que fez de mal ao nosso país. Mas reconheço que exagerei na minha fala”, concluiu Gilvan.
A fala do dia anterior
Na terça (8), Gilvan falou em um sessão da Comissão de Segurança da Câmara que desejava a morte de Lula e que isso era um “direito” dele.
Ele argumentava a favor de um projeto, sob sua relatoria, que prevê tirar as armas da segurança presidencial. O texto foi aprovado na comissão, que tem maioria bolsonarista, mas ainda tem que passar pelo plenário da Câmara.
“Eu quero mais que o Lula morra, quero que ele vá para o quinto dos infernos, é um direito meu. Não vou dizer que eu vou matar cara, mas eu quero que ele morra, que vá para o quinto dos infernos. Nem o diabo quer o Lula, por isso que ele está vivendo aí. Superou o câncer. Tomara que ele tenha uma taquicardia, porque nem o diabo quer a desgraça desse presidente que está afundando o país. Quero mais que ele morra mesmo”, afirmou Gilvan.
Governo e oposição repudiam fala
Após a fala do deputado, a Advocacia-Geral da União (AGU) enviou à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da União (PGR) uma notícia de fato, na qual pede adoção de medidas em relação ao ataque do deputado, inclusive investigação criminal.
Na noite da quarta-feira (9), senadores do partido de Gilvan criticaram a fala do deputado.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse que o pai já foi alvo de falas com o mesmo teor e chamou atitudes como essa de “reprováveis”.
Além disso, afirmou que essa “não é uma postura que se espera de um parlamentar que tá ali pra discutir as coisas sérias do Brasil”, afirmou Flávio.
Os senadores Omar Aziz (PSD-AM), Jorge Kajuru (PSB-GO) e Carlos Portinho (PL-RJ) também repudiaram a fala de Gilvan da Federal.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), também comentou o caso, sem mencionar o nome do deputado do PL.
“Sem entrar na polêmica e reconhecendo todas as manifestações, no celular de um líder nosso daqui do Senado, quando a gente liga pra ele aparece: ‘Quando você comemora a morte de alguém, o primeiro que morreu foi você mesmo’. Uma mensagem do Papa Francisco, está no celular de um colega. Eu queria fazer essa manifestação, porque é muito justa”, disse o parlamentar do Amapá.