“Essa desgraça trouxe coisas boas”, diz Lula sobre escravidão
Por Paulo Moura
Na segunda-feira (13/3), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante sua participação na 52ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas, em Raposa Serra do Sol, terra indígena no estado de Roraima, falou sobre a história do Brasil, na sua perspectiva.
Na terra indígena, o presidente contou que “há 500 anos”, aqueles que “invadiram o país”, decidiram “vender a ideia de que era preciso fazer a escravidão” no Brasil; pois, de acordo com a narrativa de Lula sobre o que os invasores contavam, “os indígenas eram preguiçosos e não gostavam de trabalhar”.
O presidente contou então que em razão da falta de mão de obra, foi “preciso trazer o povo negro da África para produzir no país”. Ainda sob sua ótica, a história que ele mesmo qualifica como “desgraça”, proporcionou ao país uma coisa boa: a “miscigenação entre indígenas, negros e europeus”.
Além disso, para o presidente, a infelicidade na história também criou um povo que “gosta de música, de dança, de festa, que gosta de respeito”, mas que de acordo com ele, “gosta de trabalhar para sustentar a sua família e não viver de favor, de quem quer que seja”.
– Há 500 anos, neste país, aqueles que invadiram o nosso país e depois disseram que descobriram o nosso país, depois de exterminarem com milhões de índios, resolveram vender a ideia que era preciso fazer a escravidão vir para o Brasil, porque os indígenas eram preguiçosos, não gostavam de trabalhar. E se eles não gostavam de trabalhar e não tinham brancos para trabalhar, porque os que vinham da Europa não queriam trabalhar. Então, resolveram contar história que os índios eram preguiçosos e, portanto, era preciso trazer o povo negro da África, para produzir neste país. Ora, toda a desgraça que isso causou ao país, causou uma coisa boa, que foi a mistura, a miscigenação da mistura entre indígenas, negros e europeus que permitiu que nascesse essa gente bonita aqui, que gosta de música, de dança, de festa, que gosta de respeito, mas que gosta de trabalhar para sustentar a sua família e não viver de favor, de quem quer que seja – declarou.
Na cerimônia, as pautas sobre a proteção das terras tradicionais, gestão dos recursos naturais e agenda do movimento indígena para o ano de 2023 foram discutidas. O evento foi realizado no Centro Regional Lago Caracaranã e contou com a presença de Joenia Wapichana, presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
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