Família de vítima de acidente com ônibus escolar na PB lamenta negligência após conclusão de inquérito: ‘foi uma dor grande’

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Antonella Albuquerque, de 15 morreu, morreu em acidente com ônibus escolar em PB — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Após a conclusão do inquérito policial, os pais de Antonella Albuquerque, de 15 anos, lamentaram que a filha tenha morrido por negligência no acidente com um ônibus escolar ocorrido na PB-077, nas proximidades de Pilões. A perícia apontou falhas técnicas no veículo, e três pessoas foram indiciadas por homicídio culposo e lesão corporal culposa no trânsito.

O acidente aconteceu no dia 1º de abril, quando o ônibus escolar tombou em uma região conhecida como Ladeira do Espinho. No acidente, os estudantes Antonella Albuquerque e Gustavo Batista Belo da Silva morreram, e outras 31 pessoas ficaram feridas.

“(A conclusão do inquérito) Foi uma dor grande, o coração começou a sangrar, já vinha sangrando, começou a sangrar mais ainda. Quando eu vi a mangueira que ocasionou a tragédia, que deveria ter sido evitada — uma mangueira de 25 reais —, levando os nossos filhos para Guarabira, onde ocasionou a morte da minha filha. Fica aqui a gente se acabando, a nossa família está arrasada. Só Deus agora para amenizar a dor que a gente está passando”, lamentou Jacinto Albuquerque, pai da adolescente.

Na casa da família, uma foto de Antonella está pendurada na parede, e as cartas com os sonhos da adolescente são guardadas. Ela escreveu sobre o desejo de virar delegada, de aprender a dirigir, ter a própria independência financeira e construir uma família. A mãe, Joana Albuquerque, também lembra a última vez que falou com a filha:

“E, quando ela chegou na porta, ela disse: ‘Mainha, a bença? Tchau!’. Eu disse: ‘Deus te abençoe, filha!’. Eu não sabia que era a última vez que minha filha falava comigo, me dava a bênção, e, com quinze minutos, o meu telefone toca: o irmão dela me dando a triste notícia de que aquele ônibus tinha virado na serra, mas que ele achava que tinha visto a irmã e achava que estava bem. Mas a realidade é que não estava”, relembrou Joana Albuquerque.

Três pessoas foram indiciadas por acidente

A Polícia Civil indiciou o secretário de educação do município, o diretor de transportes e o proprietário da empresa responsável pelo veículo. O inquérito concluiu que o motorista do ônibus escolar envolvido no acidente que matou dois estudantes e deixou outros 31 feridos na PB-077, em Pilões, não teve culpa pelo ocorrido. Segundo o inquérito, ele estava habilitado e com toda a documentação regular.

“Ele (o motorista) foi contratado para aquele dia, então era o primeiro contato dele com o veículo, e, diante das circunstâncias do que foi apurado, não vislumbramos nenhuma negligência em perícia, nem imprudência capaz de imputar culpa”, afirmou o delegado, Walter Brandão.

O delegado da Polícia Civil, Walter Brandão, responsável por investigar o acidente, afirmou que a investigação foi complexa, e dezenas de provas foram produzidas e anexadas ao inquérito, desde provas técnicas e testemunhais.

Foram indiciados Fabiano Cassimiro dos Santos, Secretário de Educação, Francisco José Fernandes de Souza, diretor de transportes do município e o dono da empresa de ônibus, Adriano Pinheiro da Silva. Eles vão responder por duplo homicídio qualificado culposo e lesão corporal culposa no trânsito, quando não há intenção de matar.

O delegado informou também que fez um pedido de autorização ao Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) para abrir investigação contra a prefeita da cidade de Pilões, Soraya Ferreira, já que ela tem a prerrogativa de foro privilegiado.

O portal entrou em contato prefeitura de Pilões, com o dono da empresa indiciado, assim como com o secretário da cidade e também com o diretor de transportes. A prefeitura de Pilões informou que ainda não foi oficialmente notificada e que tiver acesso ao inquérito vai se posicionar. Os outros três indiciados não responderam até a última atualização desta matéria.

Acidente com ônibus escolar matou dois adolescentes na Paraíba — Foto: Reprodução/Polícia Civil
Acidente com ônibus escolar matou dois adolescentes na Paraíba — Foto: Reprodução/Polícia Civil

Ônibus apresentava falhas

Conforme as investigações, o ônibus escolar apresentava várias falhas que foram determinantes para o acidente acontecer. O inquérito constatou, após perícia realizada, as seguintes falhas:

  • Ausência de cintos de segurança em todas as poltronas;
  • Falta de disco no tacógrafo, que impossibilitava o monitoramento de velocidade;
  • Falha mecânica no sistema de freios;
  • Fissuras na mangueira que enviava ar comprimido ao sistema de freio.

De acordo com a Polícia Civil, todas as falhas constatadas no inquérito evidenciam negligência dos indiciados.

As imagens mostram algumas irregularidades que o ônibus apresentava no momento do acidente. Falhas que, segundo as investigações, foram determinantes para o acidente acontecer.

Entre as imagens divulgadas pela Polícia Civil, há fotos das poltronas sem cintos de segurança e fissuras na mangueira que enviava ar comprimido ao sistema de freio.

Mangueira do cilindro do freio de ônibus apresentava problemas — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco
Mangueira do cilindro do freio de ônibus apresentava problemas — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Relembre o caso

Em 1º de abril , um ônibus escolar que fazia o transporte de estudantes de Pilões a Guarabira tombou na PB-077, numa região conhecida como Ladeira do Espinho que fica nas proximidades do município de Cuitegi. No acidente, dois adolescentes morreram e 31 ficaram feridos. Entre os feridos, uma menina que teve a mão amputada.

Os mortos são Gustavo Batista Belo da Silva e Fátima Antonella Guedes de Albuquerque, de 13 e 15 anos respectivamente.

Durante as investigações iniciais, descobriu-se que o veículo do acidente não tinha passado por nenhum tipo de vistoria e estava irregular para uso.

Ônibus da Prefeitura de Pilões tombou na PB-077 — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução
Ônibus da Prefeitura de Pilões tombou na PB-077 — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução

Desde o começo das investigações, a possibilidade do acidente pode ter sido causado por problemas no freio foi aventada. A suspeita foi levantada e explicada pelo tenente Glauco, do Corpo de Bombeiros. De acordo com o tenente, a pista onde o ônibus tombou não tem marcas de frenagem. Isso, de acordo com ele, indica o problema.

Já o perito Miguel Sales, da Polícia Civil, confirmou que o tombamento aconteceu em uma curva e que, depois disso, o veículo se arrastou pelo asfalto. O ônibus foi contido quando bateu em uma mureta, que impediu que ele caísse em uma ribanceira.

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