Força-tarefa vai ser formada para investigar irregularidades na gestão do Hospital Padre Zé, em João Pessoa

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Hospital Padre Zé, em João Pessoa — Foto: Hospital Padre Zé/Divulgação

Uma força-tarefa composta por órgãos públicos da Paraíba vai ser formada para investigar irregularidades no Hospital Padre Zé, em João Pessoa. A informação foi confirmada pela nova diretoria da instituição, na terça-feira (3), e vem como desdobramento das mudanças na administração após a denúncia de furto de celulares da unidade, e a renúncia do então diretor.

Segundo a diretoria do Padre Zé, órgãos como Polícia Civil, Ministério Público da Paraíba (através do Gaeco), Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) e Controladoria-Geral do Estado devem integrar a força-tarefa. A Polícia Civil confirmou a participação e a Sefaz negou estar envolvida.

O Hospital Padre Zé também afirmou que constatou inúmeras dívidas que comprometem sua funcionalidade após avaliar a situação operacional, funcional, contábil e financeira da instituição. A gestão disse que a primeira providência foi solicitar ao Ministério Público da Paraíba uma ampla auditoria em todas as contas, contratos, convênios e projetos do hospital.

Apesar das dificuldades, o hospital informou que o serviço não será suspenso e a instituição busca agora resgatar a “memória da iniciativa caritativa”. O Padre Zé também informou que será preciso um “choque de gestão” e um esforço conjunto com o Poder Público para que o Hospital continue operando.

“O nosso compromisso é com a transparência e para que os mais necessitados não sejam prejudicados no atendimento e na presteza do serviço. Mesmo com as dificuldades encontradas, a operação do Hospital não será interrompida e a memória da iniciativa caritativa de Padre Zé será resgatada”, enfatizou o novo diretor, Padre George Batista.

A diretoria pede também para que a sociedade continue ajudando o Hospital Padre Zé. “O Hospital pertence aos pobres e aos pobres deve servir! Então precisaremos de todos que querem manter essa obra com mais de 80 anos de história e trabalho para a sociedade paraibana”, pontuou.

Padre Egídio e novo comando do Hospital Padre Zé

Padre Egídio de Carvalho Neto, ex-diretor do Hospital Padre Zé — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução
Padre Egídio de Carvalho Neto, ex-diretor do Hospital Padre Zé — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução

A Arquidiocese da Paraíba afastou, em 27 de setembro, o padre Egídio de Carvalho Neto de qualquer ofício ou encargo eclesiástico enquanto durar as investigações sobre irregularidades identificadas no Hospital Padre Zé, de João Pessoa, no período em que ele foi diretor da unidade hospitalar. Na prática, ele fica proibido de ministrar missas ou qualquer outro sacramento da igreja.

A instituição que comanda a Igreja Católica na Paraíba citou o artigo 1.722 do Código de Direito Canônico, que prevê o afastamento de religiosos da igreja em casos de processo penal, para justificar o afastamento do padre Egídio.

O padre Egídio de Carvalho Neto renunciou ao cargo de diretor do Hospital Padre Zé no dia 18 de setembro deste ano, em meio a investigações da Polícia Civil da Paraíba sobre o furto de 100 aparelhos de telefone celular que foram furtados do hospital. Segundo a administração do hospital, toda a diretoria anterior do Hospital Padre Zé renunciou, e os novos dirigentes assumiram as funções imediatamente, para evitar que os serviços prestados pelo hospital fossem interrompidos ou descontinuados.

Em 25 de setembro, em meio às investigações, o padre George Batista foi eleito novo diretor do Hospital Padre Zé, em João Pessoa, após a realização de uma assembleia.

Padre George Batista foi eleito novo diretor do Hospital Padre Zé, em João Pessoa — Foto: Divulgação/Hospital Padre Zé
Padre George Batista foi eleito novo diretor do Hospital Padre Zé, em João Pessoa — Foto: Divulgação/Hospital Padre Zé

Celulares seriam vendidos para comprar ambulâncias

Os mais de 100 celulares que teriam sido furtados do Hospital Padre Zé foram doados pela Receita Federal, oriundos de apreensões, e seriam vendidos em um bazar solidário para comprar uma ambulância com UTI e um carro para distribuição de alimentos para pessoas em situação de vulnerabilidade.

A denúncia foi feita à Polícia Civil em agosto, imediatamente um inquérito policial foi aberto. Segundo a delegada Maíra Roberta, chefe de gabinete da Delegacia Geral da Polícia Civil da Paraíba, as investigações correm em segredo de justiça. Por causa disso, algumas informações não podem ser repassadas sob pena de prejudicar o curso das investigações

Ainda assim, ela confirmou que já foram cumpridos uma série de mandados de busca e apreensão em que foram apreendidos aparelhos eletrônicos que agora estão sendo submetidos a perícia. Além disso, uma pessoa já foi indiciada por conta dos furtos.

Ex-funcionário investigado

Durante as investigações, Samuel Rodrigues Cunha Segundo, ex-funcionário do hospital, chegou a ser preso. O suspeito era coordenador do setor de tecnologia da informação da instituição e foi desligado após a prisão.

A defesa de Samuel destacou, à época, que, alguns dias depois da prisão, a Justiça revogou e adotou medidas cautelares para que ele pudesse responder ao caso em liberdade.

Na segunda-feira (2), foi confirmado que a Justiça da Paraíba autorizou a quebra de sigilo bancário e bloqueio de contas de Samuel Segundo, um dos suspeitos de furtar mais de R$ 500 mil em celulares da unidade. A decisão foi do juiz José Guedes Cavalcanti Neto, que acatou o pedido da delegada Karina Torres, da Polícia Civil, no qual a autoridade policial anexou conversas de Samuel negociando a venda dos aparelhos.

De acordo com as investigações, os aparelhos celulares foram doados e o dinheiro deveria ser usado para manutenção do hospital. No pedido da delegada Karina Torres, foram anexadas conversas de Samuel negociando a venda dos aparelhos, e uma conta da mãe dele, Valquíria Veloso Cunha, também foi alvo de pedido de bloqueio e quebra de sigilo, que, também de acordo com as investigações, ela teria recebido pagamentos das vendas.

A delegada Karina Torres afirmou que ficou evidenciado que Samuel Segundo foi incluído no delito de furto qualificado, causando um prejuízo de R$ 525.877,77 referente aos produtos furtados no interior do Hospital Padre Zé.

O portal procurou a defesa de Samuel, que ficou de divulgar uma posição sobre a quebra de sigilo, mas até a última atualização desta notícia isso não foi feito.

Anteriormente, a defesa de Samuel destacou que após a revogação da prisão foram decretadas medidas cautelares que “estão e serão cumpridas integralmente pelo acusado”.

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