George Santos: como filho de brasileiros foi de deputado nos EUA à prisão por fraude

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George Santos, deputado americano filho de brasileiros, durante sessão do Congresso dos EUA — Foto: Alex Brandon/AP

George Santos, ex-deputado republicano e filho de imigrantes brasileiros, irá para a prisão após se declarar culpado de duas acusações de fraude nos Estados Unidos.

Santos, de 36 anos, compareceu ao tribunal em Central Islip, Nova York, na segunda-feira (19/8) e admitiu fraude através de comunicação eletrônica e roubo de identidade agravado por usar informações de funcionários de campanha e por usar indevidamente fundos de campanha.

O juiz estimou uma pena de seis a oito anos para as acusações que ele confessou culpa. A acusação de roubo de identidade agravado acarreta em pena de prisão de pelo menos dois anos.

A declaração definitiva da sentença está marcada para 7 de fevereiro.

Com o acordo de confissão de culpa, Santos deve restituir pelo menos US$ 374.000 (mais de R$ 2 milhões).

Sua confissão de culpa consolida a queda do novato político de Nova York, que foi expulso do Congresso no ano passado após um breve mandato repleto de escândalos.

“Lamento profundamente minha conduta e o dano que ela causou, e admito total responsabilidade por minhas ações”, disse Santos em uma declaração lida ao tribunal.

Isso reverte sua posição em tribunal no ano passado de negar as acusações.

Na segunda-feira (19), Santos admitiu ter roubado e solicitado auxílio-desemprego ao qual não tinha direito.

Ele também reconheceu ter feito declarações falsas e omissões em demonstrações financeiras enviadas ao Comitê de Ética da Câmara e à Comissão Federal Eleitoral.

Santos foi acusado de 23 crimes federais, incluindo lavagem de dinheiro e uso indevido de fundos de campanha.

Em dezembro, ele se tornou o primeiro membro do Congresso a ser expulso em mais de 20 anos, e o sexto na história americana.

Seu mandato de apenas 11 meses foi marcado por várias controvérsias, supostas mentiras e alegações de fraude.

Santos conquistou em 2022 os votos do distrito que abrange partes de Long Island e Queens, em Nova York.

Durante a campanha, Santos se autodenominou “a pura personificação do sonho americano”: um filho assumidamente gay de imigrantes brasileiros que nasceu na cidade de Nova York e ascendeu em Wall Street antes de entrar no mundo da política.

No entanto, desde que apareceu na cena política, ele enfrentou uma série de acusações que colocaram em dúvida sua suposta carreira em Wall Street, sua formação universitária, sua ascendência judaica e a morte da mãe nos ataques de 11 de setembro.

O jornal New York Times relatou ter encontrado documentos judiciais no Brasil mostrando que, quando ele tinha 19 anos, confessou à polícia que preencheu um talão de cheques roubado.

Na época, ele negou a acusação: “Não sou um criminoso aqui — nem aqui ou no Brasil ou em qualquer jurisdição do mundo.”

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o dono de uma pequena loja em Niterói, no Rio de Janeiro, afirmou que Santos, então com 19 anos, comprou R$ 2.144 em roupas. O comerciante denunciou o jovem por estelionato em 2008.

“Eu lembro porque tive que pagar esse valor do meu bolso”, disse Carlos Bruno Simões.

O Comitê de Ética da Câmara dos EUA votou em 2023 para investigar Santos por várias alegações de que ele teria se envolvido em “atividades ilegais” durante sua campanha de 2022, mentido para o Congresso e se envolvido em má conduta sexual.

Promotores federais apresentaram 13 acusações contra ele meses depois.

Depois, ele foi alvo de mais 10 acusações.

O relatório do Comitê de Ética da Câmara foi então divulgado, acusando-o de usar indevidamente fundos de campanha para benefício pessoal — incluindo viagens, aplicações de botox, dívidas de cartão de crédito e assinaturas no site OnlyFans, repleto de pornografia.

Dois de seus ex-assessores já se haviam se declarado culpados de fraude relacionada à campanha de Santos.

*Com informações adicionais de Bernd Debusmann Jr, Madeline Halpert e Sam Cabral

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