Igreja ‘acompanha atentamente’ caso de padre citado 74 vezes no relatório da PF sobre golpe

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O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, um dos indiciados pela Polícia Federal no inquérito do golpe - pejoseduardo/Instagram

Citado 74 vezes no relatório da Polícia Federal sobre a trama para dar um golpe de Estado no Brasil, o padre José Eduardo de Oliveira e Silva teve as atividades eclesiais mantidas após a notícia de seu indiciamento, mas o caso passa por avaliação.

“A Diocese de Osasco está acompanhando atentamente a investigação”, declarou em nota a unidade da Igreja Católica à qual ele está subordinado. O padre é titular da paróquia São Domingos, na cidade da região metropolitana. “Aguardamos o desfecho do processo”, completou a representação.

Tornado público na terça-feira (26), o relatório final da investigação descreve o religioso como um dos autores da minuta de golpe de Estado que manteria o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder e impediria a posse de Lula (PT).

A defesa do padre afirma que ele nunca participou de conspiração em torno de golpe e disse após o indiciamento que a apuração cometeu abusos como violação de sigilo.

No Instagram, onde tem 431 mil seguidores —incluindo o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB)—, o sacerdote não se manifestou sobre os últimos desdobramentos da investigação.

A PF descreve Silva como integrante do núcleo jurídico da organização criminosa que articulava a ruptura democrática. Cita ainda idas do religioso a Brasília nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2022 e relata a presença dele no Palácio da Alvorada e no comitê de campanha do PL, partido de Bolsonaro.

Em depoimento, Silva afirmou que se encontrou com o então presidente para atendimento espiritual.

O relatório aponta ainda a existência de “uma espécie de ‘oração ao golpe'” e reproduz texto que, segundo os investigadores, foi enviado em 3 de novembro daquele ano a pessoas próximas para pedir preces pelo então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, e outros 16 generais.

A mensagem revelada pela PF conclamava “todos os brasileiros, católicos e evangélicos” a incluírem os militares em suas orações, “pedindo para que Deus lhes dê a coragem de salvar o Brasil, lhes ajude a vencer a covardia e os estimule a agir com consciência histórica e não apenas como funcionários público [sic] de farda”.

Para a Polícia Federal, a mensagem demonstra que logo após a derrota de Bolsonaro nas eleições o padre “já disseminava a ideia de um golpe de Estado apoiado pelas Forças Armadas, para manter o então presidente no poder e impedir a posse do governo eleito”.

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