Inflação, impopularidade de Biden e redesenho de distritos: saiba por que republicanos são favoritos a controlar Câmara nas eleições dos EUA

O Partido Democrata e o Partido Republicano disputam o controle do Congresso nas eleições de meio de mandato (conhecidas como “midterms”) que acontece nos Estados Unidos na terça-feira (8).

O resultado vai determinar como serão os últimos dois anos do mandato do presidente Joe Biden, um democrata.

A tendência é que os republicanos passem a dominar a Câmara dos Deputados (nos EUA, chamada de Casa dos Representantes). Os Democratas são favoritos para manter o controle do Senado.

Os republicanos precisam ganhar cinco cadeiras para assumir a maioria na Câmara (são 435 membros no total).

Os democratas estão preocupados com a possibilidade de perder o controle da Casa —31 deputados do partido desistiram de concorrer à reeleição (entre os republicanos, foram 20).

Gerrymandering, o redesenho dos distritos

Há uma controvérsia sobre uma prática conhecida como gerrymandering. Trata-se de redefinir os limites dos distritos para beneficiar determinado grupo político.

Por exemplo, uma região onde há muitos eleitores negros, que tradicionalmente votam mais no Partido Democrata, pode ser dividida entre dois distritos distintos —assim, o poder eleitoral da população negra desse local será diluído em dois.

O favoritismo dos republicanos aumentou com o gerrymandering.

Os legisladores estaduais republicanos aprovaram novos mapas vantajosos em grandes estados como Texas e Flórida, enquanto os democratas em Nova York tiveram seu próprio redesenho de mapa invalidado pela Justiça do estado.

Especialistas independentes estimaram que os republicanos ganharão cerca de três cadeiras por meio desse redesenho.

Deve haver disputas acirradas em 53 distritos, de acordo com as pesquisas.

Biden não é candidato, mas é avaliado

Menos da metade dos americanos (40%) aprova o desempenho de Biden, de acordo com uma pesquisa Reuters/Ipsos realizada de 31 de outubro a 1º de novembro. Essa mesma pesquisa mostrou que 69% dos americanos acreditam que o país está no caminho errado, e 18% disseram que estava no caminho certo.

O ex-presidente Donald Trump apoiou candidatos de seu partido (Trump tenta manter o comando, ainda que informal, de seu partido e provavelmente vai se candidatar à Casa Branca em 2024).

Os democratas foram favorecidos pela decisão da Suprema Corte dos EUA de anular o direito ao aborto. Os eleitores, especialmente as mulheres, se mobilizaram por conta disso.

Os democratas também esperam que os problemas legais de Trump decorrentes de seu potencial uso indevido de documentos confidenciais e investigações sobre seu papel na tentativa de anular o resultado da eleição presidencial de 2020 tornem os eleitores indecisos menos inclinados a apoiar os candidatos republicanos.

A economia é o grande tema

Pesquisas da Reuters/Ipsos e outras empresas, no entanto, mostram que a economia é a principal preocupação dos eleitores, muito à frente de questões como crime, imigração, aborto e meio ambiente.

O desemprego caiu nos EUA, mas a inflação está alta para os padrões do país. Até houve queda do preço da gasolina e de alguns bens de consumo, mas não foi o suficiente, e o Banco Central dos EUA adotou medidas agressivas para controlar a inflação (geralmente, isso implica uma diminuição do crescimento econômico).

Os democratas argumentam que um pacote climático e de saúde aprovado pelo Congresso em agosto ajudará a conter a inflação (o projeto diminui os preços de medicamentos e reduz custos de tratamento de saúde).

O governo também anunciou que vai perdoar algumas dívidas de empréstimos estudantis.

Para os republicanos, as medidas pioraram a inflação. Esse tem sido um tema central da campanha do Partido Republicano.