Laboratório diz que erro humano levou à infecção de pacientes por HIV no RJ após transplante

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Facha de laboratório investigado no Rio de Janeiro - Pablo Porciuncula/AFP

O laboratório PCS Lab Saleme afirmou, em nota no domingo (13), que os resultados preliminares de uma investigação interna indicam que um erro humano levou à infecção com o vírus HIV de seis pessoas que receberam transplantes de órgãos no Estado do Rio de Janeiro.

“Os resultados preliminares da sindicância interna apontam indícios de erro humano na transcrição dos resultados de dois testes de HIV, o que resultou na infecção de seis pessoas. A empresa, embora ainda não tenha sido notificada formalmente sobre o andamento das investigações –nem na esfera criminal, nem na administrativa– está à disposição das autoridades”, declarou.

O laboratório não informou quem teria cometido o erro nem em qual momento ele ocorreu, mas cita, na mesma nota, que a técnica em patologia clínica Jacqueline Iris Bacellar de Assis informou ter diploma de biomédica e que assinaria laudos.

A assessoria do laboratório enviou a foto de um diploma de graduação em biomedicina de uma faculdade particular de São Paulo, no qual consta o nome de Jacqueline. Ainda de acordo com a assessoria, ela apresentou o documento no momento da contratação, que ocorreu em 2023.

O advogado José Félix, que representa a técnica, afirmou que sua cliente desconhece o diploma. “Jaqueline jamais trabalhou como biomédica, não tem capacitação técnica e nunca teve interesse na função. Sempre atuou no laboratório como supervisora administrativa.” Sobre o documento, o advogado afirmou que a técnica “não reconhece o diploma”.

De acordo com uma resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), técnicos em patologia clínica podem realizar atividades relacionadas à coleta, processamento e análise de amostras biológicas, desde que estejam treinados e atuem sob a supervisão de profissionais de nível superior.

Em entrevista ao jornal Folha, Jaqueline afirmou que, apesar de estar habilitada para coletar e analisar exames, nunca atuou nessa área no laboratório, limitando-se a revisar erros de digitação e formatação.

Durante o período em que o laboratório prestou serviços para o sistema de saúde estadual do Rio de Janeiro, ele realizou 286 testes para o sistema de transplantes. Após a divulgação da contaminação dos receptores, a secretaria de Saúde do estado afirmou que faria o reteste das amostras de sangue.

Segundo o laboratório, eles obtiveram acesso ao resultado preliminar dos retestes. “Das 286 amostras submetidas a novo teste no HemoRio, os primeiros 205 resultados divulgados deram negativo para HIV, confirmando os laudos do PCS Lab.”

“O laboratório reafirma que dará todo o suporte necessário às vítimas assim que tiver acesso oficial à identidade delas. Durante todo o processo de transplante, a única informação que o PCS Lab recebe sobre os doadores é a amostra de sangue – identificada apenas por código – colhida pela equipe da CET e entregue ao laboratório”, acrescentou.

Entenda o caso

Seis pacientes na fila de transplante da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro receberam órgãos contaminados com o vírus HIV, resultando em seus testes positivos para a doença. O caso foi considerado “inadmissível” pela Secretaria de Saúde do estado, sendo algo sem precedentes.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, ordenou uma auditoria no sistema de transplantes do Rio, conduzida pelo Denasus, e determinou a suspensão cautelar do laboratório responsável, PCS LAB Saleme, para investigar possíveis falhas nos testes realizados.

A testagem de doadores no Rio passou a ser feita exclusivamente pelo Hemorio. Uma comissão multidisciplinar foi criada para dar suporte aos pacientes, e medidas adicionais, como a retestagem de outros doadores, foram iniciadas para evitar novos casos.

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