Motorista que perdeu família brutalmente assassinada em MT relata sofrimento meses após crime: ‘hoje a gente só tem saudade’
O motorista de caminhão Regivaldo Batista Cardoso, marido de Cleci Calvi Cardoso, de 46 anos, e pai de três meninas, assassinadas e violentadas sexualmente por um pedreiro no ano passado, fez um desabafo em suas redes sociais nove meses após o crime brutal, ocorrido na cidade de Sorriso, no Mato Grosso. Em uma emocionada publicação em sua conta no Instagram na última terça-feira (27/8), ele afirmou que segue na “luta” para que “a justiça seja feita e que outras famílias não passem por esta situação”.
“Na data de hoje, completa exatamente nove meses que eu perdi a minha família”, começa Regivaldo. “Um dos crimes mais bárbaros deste país, onde eu tive a minha esposa e as minhas três filhas assassinadas por um marginal, delinquente. Não tem o que falar dessa pessoa, não tem o que expressar desse cara. Tirar a vida da minha esposa, das minhas três filhas, dentro da nossa casa.”
O motorista afirma que o período tem sido de muito sofrimento para ele, a mãe, o pai, a sogra e a família dela. O vídeo foi gravado em uma praça, local no qual, como conta Regivaldo — já emocionado —, a família ia com frequência em momentos de lazer.
“Vim aqui hoje, dar uma passeada, ver as coisas onde a gente ficava e brincava. Elas corriam nesse parque. A gente [ele e a mulher] sentava aqui, via as meninas brincarem. Hoje a gente só tem saudade. Vontade de ver elas, de poder dar um abraço. A gente está aí brigando por Justiça e está querendo ver esse cara condenado, para que não aconteça com outras pessoas”, afirmou.
Ele afirmou que, na semana passada, houve um novo relato de uma tentativa de estupro na cidade, cobrando por mais segurança. No desabafo, Regivaldo afirmou que “está na hora de agir”, principalmente aproveitando o período eleitoral, cobrando candidatos sobre medidas que tragam segurança para a cidade.
A Justiça de Mato Grosso determinou em julho que o assassino confesso, Gilberto Rodrigues dos Anjos, de 32 anos, fosse a júri popular pelo crime.
Segundo o portal g1, o réu foi denunciado por quatro homicídios qualificados e três estupros, e, além da qualificadora de feminicídio, por terem sido os crimes praticados com menosprezo e discriminação à condição de mulher, o MP entendeu que os homicídios também foram cometidos de forma cruel, com a utilização de recurso que dificultou a defesa da vítima.
Relembre o caso
Em janeiro deste ano, Regivaldo havia falado pela primeira vez à imprensa sobre o assassinato brutal delas, em novembro, na cidade de Sorriso, no Mato Grosso.
— Assim que a perícia liberou eu entrei na casa, não vi os corpos, mas senti o cheiro, o desespero, marcas de sangue na porta , na janela. Eu morri junto com elas. Esse desgraçado acabou com minha vida também, qual motivo eu tenho pra seguir? Ele acabou com minha vida também — disse Batista ao programa SBT Comunidade.
O pedreiro Gilberto Rodrigues dos Anjos trabalhava em uma obra ao lado do imóvel onde viviam Cleci Calvi Cardoso, de 46 anos, Miliane Calvi Cardoso, de 19 anos, e duas meninas de 10 e 12 anos. Em depoimento, Gilberto alegou que teria invadido a casa com a intenção de roubar, após usar entorpecentes, mas foi confrontado por Cleci.
Segundo a polícia, a mãe foi a primeira vítima. Ela foi esfaqueada no pescoço. Com a movimentação, a filha mais velha saiu do quarto e também foi atacada por ele. Depois, o mesmo aconteceu com a menina de 12 anos. As três foram estupradas por Gilberto. A filha mais nova, de 10 anos, foi asfixiada em seguida.
— Espero que a Justiça seja rápida e célere, que esse cara nunca mais saia da cadeia, que ele paga para o resto da vida dele — afirmou Batista em janeiro.
Os corpos das vítimas foram encontrados já sem vida e com ferimentos profundos, como cortes no pescoço, segundo a Polícia Civil. Depois de cometer o crime, Gilberto dos Anjos retornou para o terreno ao lado, onde passava a noite. As roupas sujas de sangue foram recolhidas em um contêiner da obra, durante as investigações.