Netanyahu demite ministro da Defesa após meses de brigas públicas

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O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, e o ministro da Defesa do país à época, Yoav Gallant, participam de cerimônia em base militar em Mitzpe Ramon - Amir Cohen - 31.out.24/REUTERS

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, demitiu na terça-feira (5) o seu ministro da Defesa, Yoav Gallant. O cargo será assumido pelo atual titular das Relações Exteriores, Israel Katz —que, por sua vez, cede a chancelaria para Gideon Sa’ar.

As mudanças, que já eram aventadas pela imprensa local desde setembro, ocorrem após meses de rusgas públicas entre o líder e Gallant, um militar aposentado cujas posições moderadas vinham se chocando cada vez mais com a ultradireita que sustenta o governo.

O timing da decisão é suspeito, no entanto —ela foi anunciada na mesma data das eleições gerais nos Estados Unidos, afinal. Um funcionário da Casa Branca afirmou ao jornal Times of Israel que a sensação é de que o momento foi escolhido justamente para evitar uma reação por parte dos americanos, os maiores aliados do Estado judeu.

Em um vídeo compartilhado por seu gabinete, Netanyahu creditou sua decisão a “lacunas significativas na condução” do conflito na Faixa de Gaza. “Em meio a uma guerra, é necessário total confiança entre o primeiro-ministro e o ministro da Defesa. Nos últimos meses, essa confiança […] foi prejudicada”, disse.

Gallant, cujo mandato termina oficialmente nesta quinta-feira (7), fez uma publicação no X minutos depois do anúncio. Ele não tenha comentou a demissão diretamente, afirmando apenas que a “segurança do Estado de Israel foi e sempre será a minha missão de vida”.

Figuras da oposição, por outro lado, rapidamente convocaram a população a ir às ruas para protestar contra a demissão, e por volta das 21h desta terça (16h em Brasília) a imprensa local indicava a presença de milhares de pessoas nas ruas da capital, Tel Aviv, além de grupos menores em outras partes do país.

Ao veículo, a mãe de um dos cerca de cem reféns que seguem em Gaza, metade dos quais se acredita estarem vivos, afirmou que a saída de Gallant significa que não haverá mais ninguém para impedir que um acordo garantindo a libertação deles caia por terra.

Entre os assuntos de maior discordância entre o ministro e Netanyahu estavam a condução das ações do Exército israelense na Faixa de Gaza e as negociações de cessar-fogo com o Hamas.

Em agosto, por exemplo, Gallant disse que o objetivo declarado para encerrar a guerra no território palestino, eliminar completamente o grupo terrorista, era irreal. Antes, em julho, ele pediu a formação de uma comissão independente para investigar as falhas de segurança que culminaram com o 7 de Outubro. A ação foi vista como um desafio público a Bibi, como o premiê é conhecido, que rejeita a criação de um inquérito do tipo enquanto a guerra ainda está em curso.

Além das discordâncias políticas entre os dois, Gallant se tornou um problema para a coalizão que mantém Netanyahu no poder —ele é contrário a uma lei que isenta judeus ultraortodoxos do serviço militar obrigatório.

Em junho, o Supremo Tribunal de Israel decidiu que essas pessoas devem ser recrutadas assim como outros israelenses. Se a legislação que cria novas exceções para os ultraortodoxos não for aprovada, parlamentares desse grupo religioso podem abandonar a coalizão de Netanyahu, forçando-o a convocar novas eleições.

A demissão do ministro da Defesa ainda tem como pano de fundo um novo escândalo interno relacionado à guerra Israel-Hamas: as denúncias de que um funcionário ligado ao gabinete do primeiro-ministro vazou informações militares confidenciais para veículos de mídia estrangeiros.

As suspeitas têm sido usadas como munição por aqueles que acusam Netanyahu de sabotar as tentativas de negociar a devolução dos reféns pelo Hamas de modo a prolongar a guerra em Gaza e, assim, permanecer no poder.

Com AFP e Reuters

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