Novo líder da Síria faz acordo com rebeldes e unifica grupos sob Ministério da Defesa
O novo líder da Síria, Ahmed al-Sharaa, chegou a um acordo na terça-feira (24) com chefes de ex-facções rebeldes para dissolver todos os grupos e consolidá-los sob o Ministério da Defesa, de acordo com um comunicado.
O primeiro-ministro interino, Mohammed al-Bashir, havia dito na semana passada que o ministério seria reestruturado utilizando ex-facções rebeldes e militares que desertaram do Exército de Bashar al-Assad.
Sharaa tem pela frente a difícil tarefa de tentar evitar confrontos entre os inúmeros grupos paramilitares que lutaram para derrubar o regime de Assad.
No sábado (21), os novos governantes da Síria nomearam Murhaf Abu Qasra, uma figura de destaque na insurgência contra o agora ex-ditador, como ministro da Defesa no governo interino.
Al Sharaa afirmou no domingo (22) que não vai permitir a presença de armas fora do controle estatal, e que sua decisão também seria aplicada às facções presentes na área das Forças Democráticas Sírias, na região nordeste da Síria, dominadas pelos curdos.
Imagens publicadas pela agência estatal SANA mostram Al Sharaa ao lado dos líderes de várias facções armadas que participaram da guerra civil síria. Porém, os representantes das forças curdas não estavam presentes.
As minorias étnicas e religiosas da Síria incluem curdos muçulmanos e xiitas – que temiam durante a guerra civil que qualquer futuro governo islâmico sunita colocaria em risco seu modo de vida – assim como cristãos ortodoxos siríacos, gregos e armênios, e a comunidade drusa.
Sharaa disse a autoridades ocidentais que o visitaram que o grupo islâmico HTS (Organização para a Libertação do Levante, na sigla árabe), que ele lidera, não buscará vingança contra o antigo regime nem reprimirá qualquer minoria religiosa.
Os rebeldes sírios sob o comando das forças da HTS tomaram o controle de Damasco em 8 de dezembro, forçando Assad a fugir após mais de 13 anos de guerra civil e encerrando o regime de décadas de sua família.
No mesmo dia, logo após deixar a Síria com destino a Moscou, onde recebeu asilo do governo russo, Assad disse que sua saída não foi planejada e que Damasco estava nas mãos de terroristas.
A Rússia foi a maior aliada internacional e fiadora de Assad desde o início da guerra civil em 2011. Entretanto, o líder Vladimir Putin nega que tenha sofrido uma derrota após a queda do regime sírio.