O discurso de Maduro com Lula que agrada Vladimir Putin

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Lula e Nicolás Maduro. Foto: Igo Estrela

Por Igor Gadelha

A palavra-chave para entender a recepção de Lula a Nicolás Maduro na segunda-feira (29/5), em Brasília, veio do próprio ditador venezuelano: “multipolaridade”. Uma palavra que também recheia os discursos de outro aliado do mandatário brasileiro, o presidente russo, Vladimir Putin.

Lula parece, com cada movimento internacional, compactuar cada vez mais com a ideia de que o liberalismo e o mundo unipolar dominado pelos Estados Unidos vive seu ocaso. E de que, diante de uma nova ordem mundial, é necessário um claro alinhamento com as novas potências.

A prioridade em visitar a China, a aproximação com Putin, a resistência em condenar a Rússia pela invasão à Ucrânia e agora os afagos a Maduro, protegido por russos e chineses das investidas norte-americanas, mostram que Lula não atira ao léu.

A ideia da multipolaridade fortalece a formação de um bloco sul-americano, alinhado com Rússia e China, que garanta aos latinos um lugar à mesa no “mundo multipolar”. Nesse contexto, até mesmo a entrada da Venezuela nos Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, é uma possibilidade.

“É um assunto que temos conversado, o papel dos Brics e seu papel ante a nova ordem geopolítica mundial. É uma geopolítica que tem surgido a partir dessa cena de conflitos e que vai trazer desenhos novos para o mundo, que vai trazendo o conseguinte novos polos, centros de poder político, economico, social, cultural, militar. Esse mundo que está sendo desenhado, e que pode trazer uma América do Sul unida a partir de sua diversidade ideológica, política, e que não podemos deixar que as ideologias intolerantes se imponham”, disse Maduro no Brasil.

O próprio Lula, em sua participação na última reunião do G7 em Hirosima, no Japão, defendeu um “mundo multipolar”. Em 2020, ao lado do ex-chanceler e seu assessor especial Celso Amorim, o petista chegou a publicar um texto em defesa do modelo no site do PT.

“Mundo multipolar”

O mundo “multipolar”, onde os Estados Unidos perdem o status quo de única superpotência, é o sonho de Putin. A ponto de líder russo afirmar, em recente participação no Conselho para o Desenvolvimento do Autogoverno Local, que “quem não entender” essa nova ordem geopolítica, “vai perder”.

Um dos pensadores russos que influenciam o pensamento de Putin, Alexander Dugin tem um livro intitulado “Teoria do Mundo Multipolar”. Nele, defende que a formação de vários centros de poder, dentre eles Rússia, China e uma América Latina unida, poderiam resistir ao universalismo de valores ocidentais, dentre eles, o liberalismo e regimes parlamentaristas.

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