Óleo nas praias: veja o que se sabe sobre ‘bolotas’ que surgiram no litoral

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Vestígios de óleo foram encontrados em praias de Pernambuco, no domingo (28) — Foto: Reprodução/WhatsApp

O surgimento de vestígios de óleo em municípios pernambucanos fez com que o monitoramento do litoral do estado fosse intensificado. Fragmentos também foram vistos em outras praias do Nordeste. Após os prejuízos sociais e ambientais do óleo que atingiu 130 municípios em nove estados em 2019, a preocupação é ver o cenário se repetir.

A origem dos novos fragmentos ainda é investigada, segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco. Confira, nesta reportagem, respostas para as seguintes perguntas:

  1. Onde foram encontrados fragmentos?
  2. Manchas foram vistas no mar?
  3. Quem está investigando a origem dos fragmentos?
  4. Como está sendo feito o monitoramento?
  5. Há recomendação sobre banho de mar?
  6. Os vestígios encontrados são parecidos com os de 2019?
  7. O que concluiu a investigação de 2019?

1. Onde foram encontrados fragmentos?

Houve registro de óleo, em agosto, em ao menos três estados: Bahia, Pernambuco e Paraíba.

Em Pernambuco, foram notificados registros de vestígios em, ao menos, 12 municípios: Sirinhaém, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Recife, Olinda, Paulista, Igarassu, Itamaracá, Goiana, Ipojuca, São José da Coroa Grande e Tamandaré.

Em todos os casos notificados desde a quinta (25/8), segundo a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), os fragmentos foram localizados na areia, como “bolotas”.

"Bolotas" de óleo foram recolhidas em praias de Pernambuco, neste domingo (28) — Foto: Reprodução/TV Globo
“Bolotas” de óleo foram recolhidas em praias de Pernambuco, no domingo (28/8) — Foto: Reprodução/TV Globo

A Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) da Paraíba apontou que as manchas foram encontradas em pequena quantidade em seis praias do Litoral Sul do estado.

Já na Bahia, aproximadamente 1 quilo de fragmentos foi recolhido em praias de Salvador entre sexta (26/8) e sábado (27/8). Antes disso, houve registro em Porto Seguro.

2. Manchas foram vistas no mar?

Segundo a CPRH, não houve registro até o momento de manchas flutuando no mar, como o ocorrido em 2019. Em Pernambuco, todas as notificações foram de resíduos na areia.

Diretora de fiscalização ambiental da CPRH, Silvana Valdevino afirmou que o Ibama fez sobrevoos no litoral e não localizou manchas em alto mar.

3. Quem está investigando a origem dos fragmentos?

Em Pernambuco, há um comitê que monitora o aparecimento de vestígios de óleo no litoral que inclui representantes da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), do Ibama e da Marinha do Brasil (veja vídeo clicando aqui).

Segundo a Semas, amostras do material coletado foram enviadas para o Laboratório de Compostos Orgânicos em Ecossistemas Costeiros e Marinhos (OrganoMAR), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e para um especializado da Marinha, a fim de verificar origem e possível relação com o óleo de 2019.

Na Bahia, a prefeitura de Salvador, através da Empresa de Limpeza Urbana do município (Limpurb), disse acreditar que os fragmentos têm como origem mesmo óleo que surgiu em 2019, que vieram à tona devido às fortes ondas e a maré que têm revolvido o óleo que ficou nas areias das praias.

A CPRH informou que essa é uma das hipóteses estudadas, mas que só pode se manifestar sobre a origem dos fragmentos em Pernambuco depois que saírem os resultados das análises.

O portal perguntou para a Polícia Federal se o caso é investigado por ela, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.

4. Como está sendo feito o monitoramento?

Representantes da agência de meio ambiente de Pernambuco, Ibama e Capitania dos Portos têm trabalhado em conjunto no monitoramento de todo o litoral do estado. Prefeituras também foram orientadas a realizar vistorias e notificar e fazer limpeza da área caso encontrem vestígios de óleo.

As equipes da CPRH ficaram responsáveis por monitorar Itamaracá, Itapissuma, Igarassu, Paulista, Olinda, Recife, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Rio Formoso, Tamandaré, Barreiros e São José da Coroa Grande.

O Ibama ficou com Ipojuca, e a Capitania dos Portos fiscaliza Goiana, Rio Formoso, ilha do Amor (entre Jaboatão e Cabo) e estuários de rios. Segundo a CPRH, o Ibama também realizou sobrevoos no litoral, sem identificar manchas.

É possível notificar casos de surgimento de fragmentos e manchas à CPRH em Pernambuco através do telefone (81) 99488-4453.

Na Paraíba, a Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) informou que iria monitorar o litoral, mas não foram dados detalhes.

5. Há recomendação sobre banho de mar?

A diretora de fiscalização ambiental da CPRH, Silvana Valdevino, afirmou que é importante não tocar nos fragmentos caso apareçam na areai, mas que não há restrições ao banho de mar. Se tiver mancha na água, a recomendação é não entrar na área próxima para não ter contato.

6. Os vestígios encontrados são parecidos com os de 2019?

A origem do material ainda é investigada, mas o professor Clemente Coelho Júnior, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Pernambuco (UPE), apontou que há diferenças.

“A característica desse óleo é diferente, ele é mais denso. […] Muitas dessas bolotas apresentam incrustações de organismos, crustáceos e algas, o que denota que podem estar vindo de muito longe pela corrente sul-equatorial”, declarou.

Ambientalistas que encontraram o material em praias de Ipojuca, no Litoral Sul de Pernambuco, também apontaram essas características. Em 2019, as manchas eram mais pegajosas e viscosas.

6. O que concluiu a investigação de 2019?

Em 2019, manchas de óleo atingiram 130 municípios em nove estados do Nordeste e Sudeste. Em 2020, um inquérito preliminar apontou vazamento de petróleo uma distância de 700 quilômetros da costa brasileira (veja vídeo clicando aqui).

Em dezembro de 2021, a Polícia Federal concluiu as investigações sobre a origem das manchas de óleo que atingiram o litoral brasileiro entre agosto de 2019 e março de 2020. De acordo com o órgão, um navio petroleiro grego foi o responsável pelo derramamento da substância no mar.

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