Oposição da Venezuela cobra Brasil e Argentina por cerco do regime a embaixada
A oposição na Venezuela cobrou, na quarta-feira passada (27), que Brasil e Argentina prestem mais atenção ao que chama de assédio sofrido por seis asilados na sede diplomática argentina na capital, Caracas. O local está sendo protegido por funcionários brasileiros desde a ruptura das relações entre os dois países.
“Urgente! Exige-se mais atenção e pressão de Brasil e Argentina sobre a situação de assédio na embaixada argentina! Ninguém pode se calar!”, publicou no X a principal aliança opositora venezuelana, a PUD (Plataforma da Unidade Democrática, da qual fazem parte María Corina Machado e Edmundo González.
Desde o último sábado (23), policiais venezuelanos estão posicionados nos arredores da residência da embaixada da Argentina, onde seis colaboradores de María Corina, incluindo sua chefe de campanha, Magalli Meda, estão asilados desde março.
Segundo denúncias do grupo, as autoridades venezuelanas cortaram os serviços de água e energia elétrica e impediram a entrada de um caminhão de água potável na residência.
No sábado, o Ministério das Relações Exteriores da Argentina denunciou “atos de intimidação e hostilidade” contra sua embaixada e exigiu que a Venezuela emita “os salvo-condutos necessários” para que os opositores refugiados possam sair do país.
O regime venezuelano negou o assédio. “Que paguem a luz, que paguem os serviços, nós não vamos dar nada de graça”, ironizou o ministro do Interior, Diosdado Cabello, em entrevista coletiva.
A residência da embaixada argentina tem sido protegida pelo Brasil desde 1º de agosto, após a Venezuela romper relações com a Argentina devido à posição do governo de Javier Milei sobre as controversas eleições de julho, nas quais o ditador Nicolás Maduro se declarou reeleito com o respaldo do Judiciário local, também cooptado pelo chavismo, e em meio a denúncias de fraude.
Situações de assédio semelhantes a postos diplomáticos já ocorreram anteriormente. A mais recente foi em setembro, quando Caracas anunciou a decisão de revogar a permissão para que o Brasil representasse a Argentina.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que se recusou a reconhecer Maduro como vencedor das eleições presidenciais, afirmou posteriormente que continuará defendendo os interesses da Argentina.
A oposição reivindicou a vitória de Edmundo González afirmando que possuíam cerca de 85% das cópias das atas de votação. A eclosão dos protestos contra Maduro deixou ao menos 28 mortos, 200 feridos e mais de 2.400 presos.
O opositor está exilado na Espanha, mas disse que tomará posse como presidente em 10 de janeiro na Venezuela —embora não esteja claro como isso será possível, uma vez que ele é alvo de um mandado de prisão na Venezuela.
A tensão política voltou a crescer na Venezuela esta semana depois que os países do G7 expressaram apoio a González. A pouco mais de um mês da posse do futuro governo, a oposição convocou novos protestos contra Maduro para o próximo domingo (1º).