Ovo sobe mais de 15% e tem a maior inflação no Plano Real; café avança quase 11%

Alta dos ovos — Foto: Patrick Pleul/AFP
O ovo de galinha e o café moído, dois produtos tradicionais da mesa do brasileiro, registraram inflação de dois dígitos em fevereiro, segundo dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) divulgados na quarta-feira (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A alta dos preços do ovo foi de 15,39% no mês passado. É a maior inflação mensal desde o início do Plano Real. Na série histórica do IPCA, uma elevação mais intensa do que essa havia sido registrada em junho de 1994 (56,41%), antes de o real entrar em circulação.
Já o café moído teve inflação de 10,77% em fevereiro, a maior em 26 anos, desde fevereiro de 1999 (12,55%).
O café está em trajetória de alta no IPCA desde janeiro de 2024. Segundo Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IBGE, problemas de safra têm levado a uma disparada das cotações no mercado internacional.
“O café teve quebra de safra no mundo, e a gente continua com essa influência”, disse Gonçalves.
Há uma combinação de fatores pressionando os preços dos ovos. O técnico citou três questões: a maior demanda em razão do retorno das aulas no país, as exportações devido a problemas de gripe aviária nos Estados Unidos e os impactos do calor na oferta no Brasil.
“O tempo quente influencia a produção dos ovos, o bem-estar das aves”, afirmou.
Os dois produtos pressionaram a inflação do grupo alimentação e bebidas no IPCA. A alta dos preços desse segmento foi de 0,70% em fevereiro. A taxa, contudo, foi menor do que a de janeiro (0,96%).
As quedas dos preços de alimentos como batata-inglesa (-4,10%), arroz (-1,61%) e leite longa vida (-1,04%) ajudaram a conter o resultado de alimentação e bebidas.
Em 12 meses, a inflação acumulada pelo segmento está em 7%. É a maior dos nove grupos do IPCA, seguida pela alta de educação (6,35%).
A carestia da comida virou dor de cabeça para o governo Lula (PT) em um momento de queda da popularidade do presidente.
Em busca de uma redução dos preços, o governo anunciou que vai zerar a alíquota de importação de produtos como carne, café, milho, óleos e açúcar.
Associações de produtores, por outro lado, afirmaram que a medida é inócua. A ausência de fornecedores competitivos é apontada como uma das explicações para essa análise.