Surfe nas Olimpíadas: Taiti é berço de ondas perigosas, frequentada por tubarões e já foi local de testes nucleares da França

No Taiti, surfistas brasileiros participam da cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris — Foto: Reprodução
A única modalidade que não acontece em Paris, cidade-sede dos Jogos Olímpicos, o surfe terá como palco Teahupo’o, no Taiti — maior ilha da Polinésia Francesa. A praia tem uma onda que é considerada uma das mais perfeitas e perigosas do mundo, já que os tubos que proporcionam quebram uma bancada de corais rasa e afiada. O pico, além de paradisíaco, já serviu de testes nucleares da França, o que ainda traz consequências à região.
O nome Teahupo’o significa “muro das caveiras” em taitiano, o que faz alusão a reputação perigosa do local. Localizada a 21 horas de Paris, o Taiti está fica no meio do Oceano Pacífico e a cerca 15 mil quilômetros da capital francesa. A vila é frequentada basicamente por moradores e surfistas locais, não é à toa que recebe o apelido de “end of the road” (fim da estrada).
Além disso, o Taiti também é sede de uma das etapas do World Surf League (WSL), o Tahiti Pro, que atrai os melhores surfistas do mundo uma vez por ano para surfar os tubos para a esquerda. A mística da ilha da Polinésia Francesa está nos livros de História. Entre 1960 e 1990, a França realizou centenas de testes nucleares na Polinésia Francesa para um programa militar secreto. Os impactos nos habitantes do arquipélago ainda são sentidos hoje, embora os números e consequências tenham sido ocultados da opinião pública na época.
De acordo com o projeto independente Moruroa Files, cerca de 110 mil pessoas foram afetadas pela radiação das bombas nucleares. Além disso, os casos de câncer aumentaram significativamente nas últimas décadas, sugerindo uma ligação com os testes. Após 30 anos de danos na Polinésia Francesa, o projeto foi encerrado em meio a protestos pela falta de transparência do governo francês.
Barco de luxo se torna hotel
Distante dos mais de 10 mil atletas instalados na Vila Olímpica, o Taiti tem uma hospedagem especial para os surfistas. Na praia de Teahupo’o, os atletas de diversas nacionalidades foram acomodados em uma embarcação de luxo, a Aranui 5, utilizada para cruzeiros. A estrutura conta com luxos como televisão, cama de casal, guarda-roupa, comidas, ar-condicionado e uma vista paradisíaca.
Apesar da hospedagem de luxo, os brasileiros escolheram se instalar em outro lugar. A equipe está em uma pousada a poucos metros da praia em Teahupo’o. O grupo treina completo desde o início da semana.
Pedro Scooby flagra tubarão
O surfista de ondas gigantes Pedro Scooby desembarcou esta semana no Taiti, na Polinésia Francesa, para acompanhar as disputas das Olimpíadas de Paris. Pelo Instagram, ele mostrou aos seguidores ter flagrado um tubarão nas águas.

“Tubarão de rolé no final da tarde!!”, escreveu Scooby, numa publicação em que filma o animal. É comum ver tubarões em Teahupo’o, já que fazem parte do ecossistema local e geralmente não representam uma ameaça significativa para os surfistas e nadadores. A observação de tubarões é uma atividade popular na Polinésia Francesa, turistas aproveitam para fazer mergulhos e snorkel.
É a segunda vez do surfe nos Jogos Olímpicos. As disputas da modalidade acontecem desde sábado (27/7) e vão até 5 de agosto. O Brasil conta com o recorde de seis atletas na modalidade, com três no feminino (Tatiana Weston-Webb, Luana Silva e Tainá Hinckel) e masculino (Gabriel Medina, Filipe Toledo e João Chianca).