Trudeau diz que, mesmo com pausas em alguns setores, Canadá continua em guerra comercial com EUA

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Primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau — Foto: Patrick Doyle/Reuters

O Canadá “continuará em guerra comercial” com os Estados Unidos mesmo que haja “pausas” nas tarifas americanas, disse o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, na quinta-feira (6), um dia após o que ele descreveu como um telefonema “pitoresco” com o presidente americano, Donald Trump.

“Nosso objetivo continua sendo a eliminação dessas tarifas, de todas as tarifas”, acrescentou, chamando-as mais uma vez de “injustificadas”, mas acrescentando que as negociações com o governo americano ainda estão em andamento.

Na quinta (6), Trump anunciou uma suspensão das tarifas até 2 de abril para produtos do México que se enquadrem no USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá). Alívio inicialmente não mencionava o Canadá, que foi incluído no recuo horas depois.

Trump já havia recuado na quarta-feira (5) com a suspensão das tarifas para montadoras que estejam de acordo com os termos do USMCA. Um funcionário do alto escalão do governo canadense disse à Bloomberg, no mesmo dia, que Trudeau não estaria disposto a suspender todo o pacote de tarifas de retaliação do Canadá se Trump mantivesse qualquer tarifa sobre produtos do país.

O governo de Trudeau respondeu às tarifas de 35% sobre importações canadenses impostas na terça-feira (4) com tarifas sobre 30 bilhões de dólares canadenses (US$ 20,8 bilhões) em produtos dos EUA, incluindo cosméticos, pneus, frutas e vinho.


Linha do tempo mostra idas e vindas das tarifas de Donald Trump sobre Canadá e México

Descontentamento do governo dos EUA com a segurança nas fronteiras é o principal motivo das sanções contra os países vizinhos

  • 1º de fevereiro

    Donald Trump assina decreto aplicando tarifas adicionais de 25% sobre todas as importações do Canadá e México, com exceção de produtos de petróleo e da energia canadenses, que terão taxa de 10%. No decreto inicial, as tarifas estavam previstas para entrar em vigor três dias depois, em 4 de fevereiro.

  • 3 de fevereiro

    Um dia antes de tarifas começarem a valer, Trump recua pela primeira vez e as suspende por 30 dias. Adiamento ocorre após acordos com os governos vizinhos, que se comprometem a reforçar a segurança nas fronteiras.

  • 10 de fevereiro

    Trump aumenta tarifas sobre aço e alumínio de todos os países para 25% e exclui isenções anteriores para grandes fornecedores, que incluíam Canadá e México. Mudanças estão previstas para entrar em vigor no dia 12 de março.

  • 27 de fevereiro

    Após rumores de que iria adiar novamente tarifas, Trump confirma que prazo do dia 4 de março se mantém e diz que Canadá e México não fizeram o suficiente para conter o fluxo de fentanil nas fronteiras.

  • 4 de março

    Tarifas de 25% para produtos canadenses e mexicanos e de 10% para produtos de petróleo e energia do Canadá entram em vigor. Canadá retalia com tarifas de 25% e México promete uma resposta.

  • 5 de março

    Um dia após início das tarifas, Trump recua pela segunda vez e isenta por um mês montadoras instaladas nos EUA das tarifas de 25% sobre produtos importados dos vizinhos Canadá e México. Suspensão vale para as montadoras que cumpram os termos do USMCA (acordo de livre-comércio já existente entre os três países).

  • 6 de março

    Trump recua pela terceira vez e, após conversar com líderes dos países vizinhos, suspende até 2 de abril as tarifas sobre todos os produtos mexicanos e canadenses contemplados pelo USMCA.


Também na quarta-feira (5), o Canadá apresentou oficialmente uma queixa à OMC (Organização Mundial do Comércio) contra as impostas pelos americanos.

“Solicitei consultas à OMC com o Governo dos Estados Unidos sobre as tarifas injustificadas ao Canadá”, afirmou a embaixadora canadense na OMC, Nadia Theodore, em uma mensagem publicada no LinkedIn na terça-feira (4). “A decisão dos Estados Unidos não nos deixa outra opção”, afirmou.

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