VÍDEO: Prefeito de Cabedelo diz não ter dinheiro para cuidadores e pede que familiares acompanhem crianças PCDs nas escolas

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Vitor Hugo Castelliano, prefeito de Cabedelo — Foto: Plínio Almeida/TV Cabo Branco/Arquivo

O prefeito de Cabedelo, Vitor Hugo, disse que a prefeitura não tem dinheiro para a contratação de cuidadores e pede que os familiares acompanhem as crianças com deficiência até as escolas, localizadas na cidade situada na Região Metropolitana de João Pessoa. A declaração foi feita durante uma reunião com famílias de estudantes PCDs, que aconteceu na última terça-feira (6). Na mesma ocasião, o prefeito fez declarações que estão sendo consideradas nas redes sociais como capacitistas sobre os estudantes.

Veja as declarações no vídeo acima, cedido pelo perfil do Instagram “Hipster Cabedelense”.

“Eu não posso pagar essas pessoas, eu não tenho dinheiro pra pagar agora por conta da previsão orçamentária. E eu não posso contratar porque tô com insuficiência. Mas eu vou autorizar alguém da família que pode ir com seu filho, acompanhá-lo. Vão, por favor, porque a sala de aula tá lá, o material didático tá lá. Então vão, gente, pelo amor de Deus”.

Por outro lado, a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) determina que deve haver inclusão total de crianças e adolescentes com deficiência nas escolas. Sendo assim, elas têm o direito de contar com cuidadores.

No vídeo, Vitor Hugo ainda sugere que os familiares, a exemplo de mãe, pai e irmãos, façam um revezamento dos dias que vão acompanhar os estudantes com deficiência.

Além disso, o prefeito também deixa claro que o acompanhamento não será remunerado e deve ser feito de forma voluntária.

Ainda durante o que mostra a gravação, ele esclarece que essa será uma medida temporária até que cuidadores sejam contratados por meio do concurso público municipal, que ainda não tem edital publicado.

Já no fim das imagens, o Vitor Hugo usa as seguintes falas para se referir aos alunos com deficiência:

“Eu quero que vocês se sintam pessoas normais como nós somos. Vocês são normais, seus filhos não são. Eu não posso acreditar que tenha um ser humano no mundo que não compreenda o que vocês passam. Se é difícil cuidar dos meus filhos que são normais, imagine de quem não é. Eles não pediram pra nascer, eles nasceram assim”.

Ao Jornal da Paraíba, o prefeito disse que quando assumiu o Município há pouco mais de quatro anos, havia 96 crianças com deficiência nas escolas. Na época, os familiares eram contratados como acompanhantes. Dessa forma, os estudantes PCDs estavam nas escolas e as famílias contavam com uma renda a mais.

A dinâmica funcionou até que o número de crianças com deficiência subiu para 260. Por isso, foi feito um concurso e 260 profissionais da área foram contratados. No entanto, são cerca de 500 estudantes PCDs atualmente na rede municipal. Vitor Hugo informou, ainda, que tenta convocar candidatos que ficaram no cadastro reserva da seleção. No geral, afirma que há uma dificuldade na manutenção de pessoas na função.

Reforçou também que pediu ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) para contratar cuidadores e espera pela resposta à solicitação. Se o retorno não for positivo, disse que encontrará outra forma de resolver a questão e pretende realizar um novo processo seletivo. O g1 procurou o TCE para ter uma posição sobre a solicitação citada pelo prefeito, mas não teve retorno até a última atualização desta notícia.

As falas que estão sendo chamadas de capacitistas nas redes sociais, ditas durante a reunião, não foram comentadas pelo prefeito Vitor Hugo.

O prefeito disse que busca incluir as pessoas com deficiência na sociedade. Nesse sentindo, afirma que entregará um centro de reabilitação neste ano e que tem dois projetos em cursos para a área. Um deles tem a finalidade de garantir acesso gratuito para acompanhantes de pessoas com deficiência no transporte público e oferecer vagas de trabalho para profissionais PCDs em cada uma das 26 secretarias municipais.

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